quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Saudades

Em Lagos, o vento é uma constante. E a saudade, não sendo constante, é recorrente.
Lagos não é a terra de origem, mas é quase sempre destino de férias, desde há muitos anos, ainda os rapazes eram pequenos. Já cá passaram férias muitos dos seus amigos, namoradas e amigos nossos. Agora o casal sénior, viaja quase sempre sozinho. E tem saudades da casa cheia. Pelo menos a mãe.

Saudades das noites em que os rapazes se compunham frente ao espelho, bonitos, morenos do calor do sol, cheirosos de tanto perfume, luminosos de tanta alegria, paixão e liberdade. O coração às vezes sobressaltado, para onde vão até de madrugada, coisas de mãe preocupada e esquecida do seu tempo igual de vida, pela noite dentro. A preocupação era uma ocupação, um bem-querer, uma coisa de mãe.

Nessas alturas, da parte da tarde, partíamos à descoberta de praias menos conhecidas e tranquilas. Observávamos pedras e rochas, saltávamos à corda, jogava-se raquetes, davam-se mergulhos e fazia-se a baleia branca. Regressávamos a Lagos ao som do Rui Veloso ao vivo, no coliseu. Sabíamos de cor todas as músicas e cantávamos em conjunto. Desafinadamente, mas em uníssono.

Nesse tempo, o tempo corria mais veloz e cheio de vida, os silêncios eram raros e os programas, inicialmente mais familiares, começaram com cardápios mais individuais, feitos à medida de cada um. Mas estávamos cá todos. E era bom. Por aqui se acompanhou inícios de paixão, fins de namoros, reforços de amizade. Por aqui, se comeram pratos de massa divinais, peixes frescos do mar, croissants frescos pela manha, gelados gostosos à meia-noite.

Por aqui, todos os anos, os rapazes cresceram mais um pouco, em autonomia, liberdade e compreensão da vida. Às vezes com alguma dor, quase sempre com muito amor e jovialidade.

Tenho saudades dessas férias, desse tempo de verão e dessa(s) companhia(s).  

1 comentário:

  1. Imagino que sim.
    Também eu, mais uma vez, encontro nas suas palavras os meus pensamentos.

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