Colam-se à pele, alteram-nos o
cheiro e o sabor, ficamos lentamente mais intensos e radiosos, mudam-nos os
sentidos e as palavras. Quase sempre aprisionam o olhar, tornando-o mais subtil
e doce. Menos severo.
Os amores eternos são feitos de
matéria indiscritível, quase sempre se acomodam em memórias de infância, espraiam-se
em sonhos de juventude, ganham raízes e história nos propósitos de adultos
livres.
Os amores eternos não são
descartáveis, quando passam e porque são eternos, persistem num sono profundo
dentro da alma. É raro darmos por eles, aceitar a sua existência é pertença de
gente madura e livre, negá-la, a forma mais simples e comum de gente pequena e
assustada. Os amores eternos são habitualmente alvo de escárnio e zombaria,
escondem-se em gavetas do passado e não têm permissão para ver a luz do dia.
Mas os amores eternos são
persistentes e acompanham-nos para todo o lado. Em silêncio lá estão,
escondidos e reservados. Não incomodam o correr dos dias e do futuro, sabem
viver na sombra, entre o coração e a cabeça, no espaço que lhes foi reservado. Aí
ficam para sempre e outra condição não procuram. São eternos. São assim.
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