sábado, 10 de agosto de 2013

Amores eternos

Colam-se à pele, alteram-nos o cheiro e o sabor, ficamos lentamente mais intensos e radiosos, mudam-nos os sentidos e as palavras. Quase sempre aprisionam o olhar, tornando-o mais subtil e doce. Menos severo.

Os amores eternos são feitos de matéria indiscritível, quase sempre se acomodam em memórias de infância, espraiam-se em sonhos de juventude, ganham raízes e história nos propósitos de adultos livres.  

Os amores eternos não são descartáveis, quando passam e porque são eternos, persistem num sono profundo dentro da alma. É raro darmos por eles, aceitar a sua existência é pertença de gente madura e livre, negá-la, a forma mais simples e comum de gente pequena e assustada. Os amores eternos são habitualmente alvo de escárnio e zombaria, escondem-se em gavetas do passado e não têm permissão para ver a luz do dia.

Mas os amores eternos são persistentes e acompanham-nos para todo o lado. Em silêncio lá estão, escondidos e reservados. Não incomodam o correr dos dias e do futuro, sabem viver na sombra, entre o coração e a cabeça, no espaço que lhes foi reservado. Aí ficam para sempre e outra condição não procuram. São eternos. São assim.

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