Sentamo-nos
e pedimos um café.
A
esplanada junto ao mar está quase vazia. As cadeiras e os bancos corridos são confortáveis,
num castanho quente, há garrafas de muitas cores, quadros e imagens discretas, plantas.
O café é agradável e cuidado, convida ao descanso. Uma música de fundo, calma e
bonita impregna o ar e confere à manha uma tranquilidade magnífica. De onde
estamos vê-se o azul do mar, o areal grande e dourado, a vegetação das dunas, que
se agita com o vento. Não muito forte, apenas capaz de nos acordar de algum
sono que ainda cobre o corpo.
Com
os livros de férias abandonados na mesa, começamos a falar de outros livros,
aqueles que nos marcaram e conversa puxa
conversa, aí estávamos nós trocando confidências e ideias sobre as nossas
vidas, que a amizade que nos une é longa e cimentada num cuidado permanente às histórias
de cada uma. Conhecemo-nos e zelamo-nos, num respeito profundo pela individualidade
e diversidade de pessoas únicas. É assim que mantemos uma amizade forte e um
apoio atento, há já muitos anos.
Nesta
manha, vieram para a mesa, ao lado dos livros interrompidos a meio, paixões e
amizades de cada uma, pequenas histórias de mulheres livres, coisas de mãe preocupada,
episódios de casas de retiro, cenas de filhos (in)dependentes, lutas de gente
valente, sorte(s) e acaso(s) de amigos ausentes. Caldeámos tudo com o sabor do
café, o calor do sol, o azul do mar, risos soltos e umas quantas lágrimas. Ou
seriam salpicos do rebentar das ondas?
Uma
coisa eu sei: não conheço melhor menu para degustar numa manha de férias, na
praia.
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