Em
Lagos, o vento é uma constante. E a saudade, não sendo constante, é recorrente.
Lagos
não é a terra de origem, mas é quase sempre destino de férias, desde há muitos
anos, ainda os rapazes eram pequenos. Já cá passaram férias muitos dos seus
amigos, namoradas e amigos nossos. Agora o casal sénior, viaja quase sempre sozinho.
E tem saudades da casa cheia. Pelo menos a mãe.
Saudades
das noites em que os rapazes se compunham frente ao espelho, bonitos, morenos
do calor do sol, cheirosos de tanto perfume, luminosos de tanta alegria, paixão
e liberdade. O coração às vezes sobressaltado, para onde vão até de madrugada,
coisas de mãe preocupada e esquecida do seu tempo igual de vida, pela noite dentro.
A preocupação era uma ocupação, um bem-querer, uma coisa de mãe.
Nessas
alturas, da parte da tarde, partíamos à descoberta de praias menos conhecidas e
tranquilas. Observávamos pedras e rochas, saltávamos à corda, jogava-se
raquetes, davam-se mergulhos e fazia-se a baleia
branca. Regressávamos a Lagos ao som do Rui Veloso ao vivo, no coliseu. Sabíamos de cor todas as músicas e cantávamos
em conjunto. Desafinadamente, mas em uníssono.
Nesse
tempo, o tempo corria mais veloz e cheio de vida, os silêncios eram raros e os
programas, inicialmente mais familiares, começaram com cardápios mais
individuais, feitos à medida de cada um. Mas estávamos cá todos. E era bom. Por
aqui se acompanhou inícios de paixão, fins de namoros, reforços de amizade. Por
aqui, se comeram pratos de massa divinais, peixes frescos do mar, croissants
frescos pela manha, gelados gostosos à meia-noite.
Por
aqui, todos os anos, os rapazes cresceram mais um pouco, em autonomia, liberdade
e compreensão da vida. Às vezes com alguma dor, quase sempre com muito amor e jovialidade.
Tenho
saudades dessas férias, desse tempo de verão e dessa(s) companhia(s).
Imagino que sim.
ResponderEliminarTambém eu, mais uma vez, encontro nas suas palavras os meus pensamentos.