É jovem e está grávida. A barriga começa a despontar, numa bola pequena e redonda, as ancas um pouco mais largas e o peito a preparar-se para dar um leite morno e doce, que vai saciar a fome e o afeto do seu filho(a), quando nascer.
E eu espanto-me. Definitivamente emociono-me com este mistério tão comum e tão único. Porque de cada vez que uma mulher engravida, tudo recomeça e tudo se renova, principalmente a esperança, o amor e às vezes, em certos dias, o medo, pelo futuro. Gerar uma pessoa dentro de nós é construir para todo o sempre um vinculo e um amor, dos quais somos, em primeira mão, os responsáveis. Projeto de vida arriscado, que nos desafia, apaixona e inquieta. É assim com (quase) todas as mulheres, mas esta é especial.
Conhecia-a ainda menina, tinha quatro anos, uma pele clara e um sorriso tímido, estava à porta do jardim de infância onde a mãe trabalhava e não era de muitas falas. Depois, com o correr dos anos e uma amizade forte a selar a relação com ela e a família, fui vendo-a tornar-se menina, jovem, acompanhei alguns amores e (des)amores, assisti à sua decisão de ser educadora, apoiei a produção de alguns trabalhos académicos e a a progressiva consciência de ser o melhor que pudesse ser, como profissional. Fui, com orgulho, a sua madrinha de curso.
Pelo meio, ficou a sua presença atenta quando com a mãe, pela noite fora, falávamos de educação e preparávamos reuniões de pais. Creio que tudo o que ouviu, em menina e jovem, lhe deixou lastro para a maturidade e o investimento que tem hoje, como profissional de educação de infância. Uma qualidade reconhecida por colegas, famílias e crianças, boa de se ver.
Pelo meio, com a idade próxima dos meus filhos, ensinou-me muito, sem que disso tenha eventualmente consciência. Ensinou-me o sentido e necessidade do cuidar, a importância de respeitar opções, o mundo de dentro para além do que vemos por fora. E brincou com os meus filhos, como vizinha, companheira e amiga. Alargou o seu mundo e introduziu-lhe diversidade, coragem e persistência. Sendo um dos seus pares, é ainda hoje, uma referência para eles.
Agora está grávida e eu emociono-me. Espera este filho, com o companheiro, numa casa que construiu com sonho e pulso, num projeto de amor resistente. E eu que a vi menina e a acolhi nos meus afetos, espanto-me com o correr do tempo, com a barriga que cresce e com a alegria do futuro.
Que quero acompanhar, numa festa de homenagem à vida e ao amor, aquele pelo qual nunca desistimos.
Deixa-me adivinhar! Aninhas! Parabéns! Que continues com a força da tua mãe! Um xi-coração desta amiga que, embora à distância, segue o teu brilhante percurso assim como o da tua mãe!
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