quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A fotografia

Não tirámos fotografias, ainda que alguns tenham falado nisso. Não sei se alguma voz interior sussurrava, muito baixinho, que talvez não fosse seguro, sendo a matéria em causa tão inconstante e eventualmente temporária. Mas naquele dia, todos estávamos absolutamente certos da sua eternidade. Sem falsos pensamentos ou motivos.

Estivemos juntos e foi tudo verdade. Tenho as imagens em mim, as conversas que se entrelaçaram como as cerejas, os sorrisos dados sem conta e medida, a beleza de estarmos juntos, por nós e por outros. Relembro mãos elegantes, uma mesa comprida, um rio na paisagem, flores nos canteiros e um vinho muito elogiado. A comida também. Um almoço de príncipes e um manjar de deuses.

Como acontece em algumas histórias, esta também foi circular. Iniciou, deu a volta à aventura que pôde e terminou.

É por isso que queria uma fotografia. Para olhar de novo e saber que estivemos mesmo lá. E também para nos ver felizes, como que a zombar do destino, sem saber que ele se sentou à mesa. (In)discretamente e sem ser convidado. 

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