Não
tirámos fotografias, ainda que alguns tenham falado nisso. Não sei se alguma
voz interior sussurrava, muito baixinho, que talvez não fosse seguro, sendo a
matéria em causa tão inconstante e eventualmente temporária. Mas naquele dia,
todos estávamos absolutamente certos da sua eternidade. Sem falsos pensamentos
ou motivos.
Estivemos
juntos e foi tudo verdade. Tenho as imagens em mim, as conversas que se
entrelaçaram como as cerejas, os sorrisos dados sem conta e medida, a beleza de
estarmos juntos, por nós e por outros. Relembro mãos elegantes, uma mesa
comprida, um rio na paisagem, flores nos canteiros e um vinho muito elogiado. A
comida também. Um almoço de príncipes e um manjar de deuses.
Como
acontece em algumas histórias, esta também foi circular. Iniciou, deu a volta à
aventura que pôde e terminou.
É
por isso que queria uma fotografia. Para olhar de novo e saber que estivemos
mesmo lá. E também para nos ver felizes, como que a zombar do destino, sem
saber que ele se sentou à mesa. (In)discretamente e sem ser convidado.
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