Tento aconchegar-me nas ideias que hoje me chegam e mergulho docemente na maré da minha vida. O futuro é uma bandeira espetada no cume mais alto do mundo, o passado uma almofada um pouco gasta e velha, mas calorosa, o presente tece-se com tudo o que sou.
Viajante de mim, nada me impede de percorrer planícies abertas, onde moram todos os que amo, em casas de tardes amenas, com um chá de canela e limão sobre a mesa e pão morno com manteiga. Alpendres quentes convidam a ficar, em boas conversas, essas que deslizam por entre os dedos e fogem com o vento, quando as cigarras cantam pelo cair da noite.
Assim me quero e me vejo, com tonalidades de laranja e fogo, a acertar o compasso do tempo e das colheitas que tenho que fazer.
Sem terra e enxadas para trabalhar, colho do tempo o melhor que semeei, com as palavras que caíram no chão e deram folhas, flores e frutos.
Assim me componho no correr dos dias, ateando com cuidado e leveza a maravilha de estar viva e rodeada dos que amo. Espero, com atenção, a chegada do outono, mantendo acesa uma fogueira quente para quebrar os primeiros frios de setembro e as noites longas de chuva do inverno.
Ele vai chegar. Quero que me encontre preparada e corajosa para o receber, sem medo de gelar. No corpo e no coração.
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