No
verão as crianças crescem. Ocupam as ruas e as praças até altas horas da noite,
em gargalhadas felizes, ninguém as manda cedo para a cama, os horários estão
esquecidos no fundo das gavetas fechadas das obrigações.
O
mesmo acontece na praia.
Chegamos
cedo e elas já lá estão, com o corpo salpicado de água fresca e a energia plena
de quem tem muito para viver nos dias que correm devagar. Arrastam os baldes
pela areia, molham as mãos e chapinham os pés com força nas poças de água, gritam,
batem palmas, entram dentro das ondas e espantam-se com a força do mar. Por
perto, pais e avós olham-nos enamorados pelo seu vigor e ensaiam jogos
conjuntos, brincadeiras ruidosas e infantis, numa alegria descontraída de gente
contente.

E
os adultos que delas cuidam e as amam ficam tranquilos a ver o mar, agradecem o
silêncio, sabem-no fundamental para a renovação da disponibilidade. Em breve
será necessária e quer-se quase inesgotável, para alegria das crianças e satisfação
dos grandes.
No
verão as crianças crescem e com elas os crescidos também. Alimentam-se de tempo
livre, cultivam a atenção e tentam reparar o tempo preso e a pressa desmedida
dos outros meses do ano.
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