domingo, 31 de março de 2013

Domingo de Páscoa

Domingo. Desta vez, dia de Páscoa. A mesa está posta com as amêndoas, o folar, arroz doce, sericaia. Os rapazes estendidos no sofá, os gatos dormem, cai sobre esta casa o silêncio. Apenas o barulho do teclado, o cair da chuva, os pensamentos e as memórias. Vagueiam num ir e vir manso, um pouco inconstante, entre a serenidade e a melancolia.
Faz-se a festa como se pode, é Páscoa, é preciso manter os rituais para que iluminem e incomodem o correr dos dias pardos, sem cor, que abundam há muito tempo. É preciso resistir, torcer o destino, aplacar a dor e a saudade. De tudo o que imaginámos ser realidade e apenas foi intenção.  Mas o que não foi, jamais será, resta-nos a força para inventar outra ressureição.
E porque a fragilidade é hoje um estado de alma, visitemos Eugénio de Andrade para alimentar a persistência.    

Procuro-te

(...)
Procuro-te: fruto, ou nuvem ou música.
Chamo por ti, e o teu nome ilumina
as coisas mais simples:
o pão e a água,
a cama e a mesa,
os pequenos e dóceis animais.
onde também quero que chegue
o meu canto e a manhã de maio.

(...)
Porém eu procuro-te.
Antes que a morte se aproxime, procuro-te.
Na ruas, nos barcos, na cama,
com amor, com ódio, ao sol, à chuva,
de noite, de dia, triste, alegre - procuro-te.

Eugénio de Andrade

segunda-feira, 25 de março de 2013

Palavras emprestadas: Não posso adiar o amor

O domingo terminou. Já é noite e ainda tanto por fazer! Refeições, roupa e loiça e coisas assim, necessárias e importantes para quem vive... tento ignorá-las, não me apetece, escondo-me no sótão e procuro livros, palavras melodiosas, quero sons bonitos em meu redor, preciso abafar alguns ruídos ensurdecedores das tarefas do quotidiano. Necessito de abrir uma janela inteira e ver a luz e o mundo. Cheio de poesia, se for possivel.


Não posso adiar o amor
(...)

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração

António Ramos Rosa "Viagem através de uma nebulosa"

terça-feira, 19 de março de 2013

A ver o menino

Aproveitámos a hora do almoço e lá fomos, quatro mulheres na casa dos cinquenta, a rir de contentamento, parecíamos até mais jovens, tenho a certeza, tal era o entusiasmo. Quem nos visse não nos dava a idade que aparece no B.I. e quase nunca nos lembramos, a não ser em alguns dias de rugas mais marcadas pelo cansaço. O destino era a casa de uma amiga nossa, na zona de Benfica, para vermos o neto, o Manel, sobre o qual já escrevi um texto neste blog. Entrámos e o menino dormitava, descansado, perante o riso doce da avó, que bem investida do seu papel, se apressou a explicar "ele está quase a acordar e depois vai comer". E tudo estava pronto. O biberon com o leite, a caminha para dormir, os brinquedos, o babete...e nas paredes, as fotografias do menino, que tendo chegado ao mundo há pouco tempo, já tinha lugar de destaque na família e na casa da avó. Como sempre deve acontecer a um recém nascido, para um bom acolhimento e um sentimento de segurança.

E o menino acordou e olhou para as caras que um pouco sofregamente, pairavam sobre ele, mortinhas por o ter no colo. Soltavam-se das nossas bocas sons abebezados, os nossos braços e mãos estendiam-se, entre o ir e ficar, meios contidos, não fosse o menino assustar-se. Depois foi o tempo do biberon a avó com jeito de mãe, sentada no tapete com o menino no colo, a beber o leite com gosto e satisfação. Uma de nós ainda mudou a fralda, com perícia e muita conversa, que os bebés precisam de ser cuidados com tempo e alegria. Mais ambientado, passou de colo em colo e de braços em braços, matando o nosso desejo de ter um bebé juntinho a nós, sentindo o seu calor e o seu cheiro.  E ele riu-se e olhou e observou e respondeu, na sua fala e nos seus gestos de gente entendida com os outros. Apesar de tão pequeno.

Depois viemos embora, com o desejo consolado. Tivemos o menino nos braços, vimos o seu riso, comunicámos com ele, demos mimos. E sentimos o amor da avó e uma espécie de renovação da maternidade, agora mais descontraída e amadurecida. Como sempre deve acontecer quando se é avó. Coisa que nenhuma de nós é e no entanto, gostaria de ser. A seu tempo, claro que sabemos da importância extrema de cada bebé poder nascer quando os pais assim o desejarem e puderem.
É assim que dizemos, é assim que pensamos.
Mas isso não anula uma vontade imensa, secreta, algo inconfessada de querer ouvir "avó, olha, já cá estou. Brinca comigo, brinca..."

segunda-feira, 18 de março de 2013

Solidão

É um homem só.
Afaga o cabelo com gestos delicados, quando o vento sopra atrevido, levantando as folhas secas dos caminhos, em coreografias agitadas, ainda que muito belas. Estando só, quer manter-se inteiro, não aceita descompor-se por fora, quando muito está descomposto por dentro e isso basta. Assim, compõe o cabelo vezes sem conta, para que tudo esteja no sitio certo e  o seu rosto surja sereno e indecifrável. E surge.

Sempre que entra em casa, procura a janela e a linha do horizonte, gosta de ver os pássaros em voos rasantes, o pôr do sol e o nascer da lua renovam-lhe a promessa de um recomeço, sabe-se só e não desespera, mas deseja partir pelas madrugadas de um tempo futuro.

Pensativo, percorre quilómetros sem sair de casa, avenidas largas e países novos, oásis de liberdade onde pensa poder ser feliz. E fechado no quarto, inventa amores de causas maiores, acordes perfeitos que ensaia com timidez no quente da solidão.

É um homem só.
Depende se algumas memórias e sonhos por cumprir, acalenta-os em manhas de primavera que ousa desejar e teima em perseguir, sem contar nada a ninguém. Quando o interrogamos responde rápido e com voz baixa, disfarça o tremor que lhe consome a garganta e sorri.

E porque olhamos com olhos de ver e amor ilimitado, confirmamos que é um homem só, com doses suaves de sofrimento e coragem do tamanho do mundo. Assim o amamos e assim o queremos: menos só, mas sempre inteiro e coerente.

sexta-feira, 15 de março de 2013

Desejo

Poderei pegar nas palavras e tecer o que em mim é luz, procura, consolo, dor e liberdade? Poderei urdir uma manta de ideias lisas, claras, transparentes? Ajeitar as palavras todas que vagueiam em mim, tecê-las com a melhor arte que me assistir, unir  pontos e linhas e fios, tudo bem tecido e composto numa espécie de tela? Grande, plena, visível, para que as vejam e as possam fazer suas?

Poderei dar voz aos milhares de sons das palavras que ecoam dentro de mim, descobrir-lhes a essência, conhecer-lhes os trajetos e utilidade?

Poderei abrir a porta de casa e lançá-las aos quatro ventos, aproveitar a primavera que se aproxima, deitá-las no meio das papoilas e das mimosas, deixar que voem com alguma andorinha mais afoita ou cegonha distraída? 

Tremendo é o cativeiro das palavras que nos tomam. Enredam-nos e prendem-nos num compromisso inquietante com a vida. Quero desocultar-lhes o sentido, libertar-me dos seus sinónimos, esquecer os antónimos, mapear com rigor os caminhos para ser feliz.


segunda-feira, 11 de março de 2013

Hoje e sempre, o amor

Hoje e sempre o amor. No centro do mundo e como condição de vida.
Pegamos num pedaço grande de amor e tapamos os buracos da tristeza que fazem o coração dos homens e das mulheres baterem sem harmonia e deslumbramento. Aquecemos as artérias e as veias, imprimimos um ritmo cadenciado, forte, suave e continuo, a par e passo com o fluir do tempo e da natureza. Apenas assim.
Pegamos num pedaço de amor, forte e seguro e inundamos os dias dos meninos e meninas que deslizam sem rosto nas cidades frias, que não sabem que a infância necessita de casas quentes e gente grande que os leve de mão dada a ver os jardins e a chapinhar nas poças de água, mas com botas, casacos quentes e gorros coloridos. Depois de um bom pequeno almoço.

Pegamos num pedaço de amor combativo e enchemos as ruas de vozes altas e canções de resistência, a provar que podemos cantar até que a voz nos doa e que o cansaço não se instala, por desânimo no coração e na vontade de quem espera novos dias e por isso não desiste de lutar. Fazemos isso com convicção e em conjunto, porque este amor se quer cercado de força contaminada.

Pegamos num amor paciente e de novo mostramos, sem nos cansarmos, que a vida necessita de persistência e investimento, gestos repetidos de bem querer aos outros, filhos e amigos e gente assim que amamos sem querer retorno e que estão incondicionalmente ligados a nós, apesar da autonomia e da liberdade que lhes assiste. Mostramos e falamos, falamos e mostramos. Tantas vezes quantas  forem necessárias.

Pegamos num pedaço de amor jovem e pedimos a todos os amantes principiantes que o conservem vivo e audaz, avisando sem cessar que a sua longevidade depende da capacidade de entender a vida e a complexidade, não apenas do amor que sentem e vivem, mas sobretudo da forma como se relacionam com o mundo, coisa nem sempre fácil e óbvia. Mas dizemos-lhes que tudo é possível e tudo tem remédio somente a morte é que não. E a desistência também.

Pegamos num bocado de amor antigo e instalamo-nos na sua lembrança, perguntando-nos pelo caminho percorrido  e as variantes de atalhos que foram construídos, deixando levedar a memória e a saudade, roteiro que pode ser utilizado no presente,  depois de espremer o sumo doce do tempo vivido e guardar as sementes boas.   
Hoje e sempre o amor. Estes e outros, iguais ou diferentes, para nos encher de coragem e afugentar possíveis derrotas e todos aqueles que destilam indiferença e algum ódio pela vida da gente.A comum, a que não vem nos jornais nem nos círculos de alta roda.
Chegará?

domingo, 10 de março de 2013

Noticias

A chuva, a chuva, a chuva...

Tudo se veste de água. As ruas estão molhadas, o vento sopra, a noite cai. Parece inverno há muito tempo, necessitamos do sol para voltar a ter riso na cara e leveza no corpo. Precisamos de calor e linha do horizonte, um pouco de praia em tempo ameno, a serra ao longe, as papoilas nos campos, o cantar dos grilos, as vozes das crianças nos parques, as andorinhas de volta, o zumbido das abelhas e os dias longos. Mais longos do que estes, curtos e chuvosos e frios.

Alguém viu a primavera por aí?

sexta-feira, 8 de março de 2013

Homenagem às mulheres

 Sem inspiração para este ano, aqui fica o texto que escrevi o ano passado. Nunca será demais relembrar...

Não que seja dia de proclamar virtudes femininas e renuncias incalculáveis, como se as mulheres fossem sempre em função dos outros e quase nunca por elas mesmo. Não é isso que me move, não é isso em que acredito. Quero antes, neste dia da mulher, relembrar cada rosto e cada história das mulheres que atravessaram o meu caminho e que foram (e são) pedaços essenciais na paisagem da minha vida... 

A minha  mãe e a minha avó,  as tias, a prima, algumas vizinhas da casa da minha infância, que a seu modo  e de jeito diferente, me moldaram a alma, esculpiram o coração,  apaziguaram as dores, acalentaram os sonhos. Por palavras, feitos e exemplos de vida. Lembro-lhes o riso, a força, a ternura,  as convicções, o colo.

As amigas, essas que foram, outras que ainda são, e sabem nos dias solarengos, passear na avenida do tempo e compor, comigo e para mim, alguns hinos à amizade. Não conhecem todas as partituras das peças por tocar, mas acertam sempre nos acordes principais. Com graça, sensibilidade, talento e muita cumplicidade. 

A todas as outras mulheres, algumas conhecidas, outras anónimas, que inspiraram e me inspiram a atravessar desertos, a rolar na relva, a dançar no palco, a escrever palavras, a expressar ideias, a fugir do medo, a procurar o sol.

Por elas e com elas fui tecendo a teia da vida e hoje é dia de recordá-lo. No coração, por ausência de arte e engenho ficam quase todas as palavras por dizer, ainda. 

Bom dia da mulher.

Vidas de mulheres

Cresci atenta às mulheres, aquelas que viviam na minha casa e em redor dela. Lembro-me de lhes  procurar-lhes o rosto e o riso, medir-lhes os gestos e os movimentos, espiar os seus recatos e segredos. De soslaio, ao disfarce, como mandava a cultura da casa e o tempo de então.  Nada de ser curiosa e atrevida, menina pequena, comporte-se! E eu comportava-me. Por fora, claro, insurgindo-me por dentro, a par e passo com os mundos que pressentia existirem dentro das mulheres. 

Gostava de as ver paradas ao portão, saias de fazenda e avental, cestos de fruta ou sacos de milho na mão, trocando ideias em meias palavras, uma especie de código feminino, coisas que não entendia, mas pressentia importantes para o entendimento e a resolução da vida. E andavam sempre a resolver tudo: as coisas  das crianças, a escolha dos feijões na eira, o cultivo dos legumes, a companhia à vizinha, a quermesse na igreja, a arrumação da casa na Páscoa. Iam à missa, rezavam pelos presentes e ausentes, pediam pela felicidade de todos. Eu ouvia, em silêncio e juro que achava que Deus as ouvia melhor que a qualquer outra pessoa, pela convicção e pela força que punham nas preces.

Gostava de as ver na loja, a comprar o pão e o vinho, e a dona a despachar fregueses aborrecidos, danada de empenho e desenvoltura e depois rindo de satisfação e afeto, eram uma pequena família, com rituais construídos no tempo e aceites, apesar dos protestos.

Era também na loja que conversavam sobre os novos chegados à terra,  filhos desavindos e outras coisas secretas e intímas, de bebés por nascer, homens infiéis e mulheres que se perdiam na vida, por amor e loucura. Comentavam e opinavam e faziam as suas leis, seguras e afirmadas e com elas nos educavam, entre obediência e liberdade. Porque a tinham, por mais que nem sempre dela fizessem uso. Ainda que nem todas.

Algumas permaneciam na casa da costura, em silêncio, a fazer roupa para meninos estudantes e a remendar as calças rotas, ouvia-se o barulho da máquina e sentia-se o cheiro do ferro a brasas para engomar as peças acabadas de fazer. Muitas linhas no chão, o calor dos tecidos, outras mulheres que vinham e se sentavam, em conversas amenas, como o correr das tardes. Tardes longas, entre bainhas e bibes com laços, alguma dureza imposta pela solidão, estavam sós a cuidar da vida, a costura como único ganha pão, os homens tinham partido impondo uma viuvez precoce.

Mulheres de escuro, escondiam as peras debaixo da cama para as amadurecer  e comiam sardinhas fresquinhas do nosso mar. Austeras, ouvia-as rir em algums momentos à noite, discretas e contidas, mas com os olhos brilhantes de afeto e sonhos. A liberdade a passar por lá e elas, num gesto de rebeldia, a gracejar com a vida e o destino. Achava-as valentes e corajosas. E eram.
Por isso neste dia, relembro-as a todas com afeto. Vem deste tempo de menina, a minha enorme  admiração por estas mulheres, que conheci e o reconhecimento da sua importância na minha vida. Como mulher. 

quarta-feira, 6 de março de 2013

Noite de inverno

Noite de Inverno, embora a primavera se aproxime a passos largos. Consigo vê-la  nas pequenas flores que desabrocham nas árvores da rua por onde passo todo os dias, pela manha. Mas neste momento está escondida, o vento sopra, a chuva cai e é de noite. Ainda é inverno.
Tenho uma casa. E dentro da casa, gente que vive comigo. Já se foram deitar, são jovens e pesa-lhes os dias, hoje querem a noite para dormir e descansar. Tenho uma casa que não deixa entrar o frio. Nela me aqueço, me recolho e refugio-me da rua e do mundo, quando quero e posso. Abro a porta e entro e encontro na casa o meu espaço e uma parte da minha identidade. Dentro da minha casa estou eu e os meus, em horas de companhia, conversas, pensamentos, almoços e jantares, sonos e vigílias,  discórdias e consensos, laços de pertença e lonjura.

Na minha casa estão quilómetros de caminhos, anos que se sentem pelo crescimento dos filhos, agora são homens e já se deslocam de outra forma, entram e saem sem necessitarem de me dar a mão, a autonomia já não se descreve com os parâmetros da infância, cresceram depressa e muito.

Tenho uma casa e por isso posso proteger-me do frio, da chuva gelada e do escuro da noite, sem ficar assustada. E posso percorrer os objetos que nela fui dispondo e que estão cheios de histórias. Posso demorar-me neles e sentir as raízes com que construi o tempo vivido. Deito-me na cama, aconchego a roupa e leio poesia e sinto-me bem. Revejo-me e encontro-me. Fico cheia de mim e dos meus e do nosso tempo e da nossa vida. Tal qual ela é. Plena, inquietante, feliz e imprevisível. Às vezes difícil. Surpreendentemente.

Tenho uma casa que é muito mais do que paredes e janelas, é um espaço de vida, real e simbólico, feito de teias, laços e nós que se entrelaçam dentro dela e que permanecem esteira para os dias claros e as noites escuras. Como esta.   

E assim, com tanta chuva, como fazem os que não têm casa? como se aconchegam e se sentem eles e se encostam no que construíram? como se agarram às suas raízes? como se entendem como gente? que objetos tocam e desnudam? Para lá do frio do corpo, onde fica o frio da alma?
Foi isto que pensei hoje, quando vim desligar o computador, senti a chuva a bater forte na janela do sótão e escutei o silêncio da minha casa. E escrevi estas palavras, sem qualquer ponta de poesia. Ela não aquece, quem, em noites como esta, tem por casa um bocado de rua descoberta.

domingo, 3 de março de 2013

Insónia

Lembra-se dela e um sopro de lucidez diz-lhe que não vale a pena. Apesar disso, qualquer bocado de saudade, ainda que pequeno, estremece-lhe o coração e não impede a aproximação do seu odor, em imagens de mar e vagas altas de luz, com um brilho cintilante de areia torrada da praia.

Desse tempo liso de dúvidas, amanhece um dia perfeito, com ela a sorrir, longe, a correr nas dunas.

Chama-a como pode, alto e baixo e depois, em murmúrios, para não assustar o voo livre das gaivotas. Sabe, de fonte segura, que apenas elas são reais e eternas.

Tudo o resto apenas existe, solto e desarrumado dentro de si, a incomodar as noites sem sono.