Aproveitámos a hora do almoço e lá fomos, quatro mulheres na casa dos cinquenta, a rir de contentamento, parecíamos até mais jovens, tenho a certeza, tal era o entusiasmo. Quem nos visse não nos dava a idade que aparece no B.I. e quase nunca nos lembramos, a não ser em alguns dias de rugas mais marcadas pelo cansaço. O destino era a casa de uma amiga nossa, na zona de Benfica, para vermos o neto, o Manel, sobre o qual já escrevi um texto neste blog. Entrámos e o menino dormitava, descansado, perante o riso doce da avó, que bem investida do seu papel, se apressou a explicar "ele está quase a acordar e depois vai comer". E tudo estava pronto. O biberon com o leite, a caminha para dormir, os brinquedos, o babete...e nas paredes, as fotografias do menino, que tendo chegado ao mundo há pouco tempo, já tinha lugar de destaque na família e na casa da avó. Como sempre deve acontecer a um recém nascido, para um bom acolhimento e um sentimento de segurança.

Depois viemos embora, com o desejo consolado. Tivemos o menino nos braços, vimos o seu riso, comunicámos com ele, demos mimos. E sentimos o amor da avó e uma espécie de renovação da maternidade, agora mais descontraída e amadurecida. Como sempre deve acontecer quando se é avó. Coisa que nenhuma de nós é e no entanto, gostaria de ser. A seu tempo, claro que sabemos da importância extrema de cada bebé poder nascer quando os pais assim o desejarem e puderem.
É assim que dizemos, é assim que pensamos.
Mas isso não anula uma vontade imensa, secreta, algo inconfessada de querer ouvir "avó, olha, já cá estou. Brinca comigo, brinca..."
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