quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Rápido e económico: poupar nas palavras

Levei um bocadinho de tempo a adaptar-me às sms e a utilizá-las com regularidade. Creio que os filhos foram um grande empurrão, porque não suportava os olhares condescendentes perante a resistência e sobretudo, perante a não apetência por máquinas, mesmo pequenas e simples. E depois havia a necessidade de com eles comunicar. Tive que me render a entrar nos novos meios de comunicação. Tanto quanto. Este blog é o mais avançado que me permiti ter, facebook, não, obrigado. Mas sei que não posso negar as enormes vantagens de estar conectado, a muitos amigos, on line. Sim, compreendo os benefícios e respeito a sua eficácia, no mundo atual. Se não, porque teria criado este blog?

Apenas me inquieta e surpreende a vulgaridade da comunicação, a brevidade dos posts, as amizades rápidas, os parabéns que se dão, porque a máquina nos lembra, as janelas escancaradas para o mundo, daquilo que somos. Perdão, daquilo que mostramos ser. Sei que podemos controlar o que escrevemos, escolher e barrar amigos e perservar a nossa intimidade. Sempre? 

Sendo meios poderosos de comunicação, marcam cada vez mais as nossas relações com os outros e substituem-se às formas mais convencionais de interação. E eu continuo a gostar de receber cartas, postais ilustrados, parabéns de outros que escrevem na agenda o meu dia de aniversário. Continuo a gostar das palavras por inteiro, com todas as letras a que têm direito, sem abreviaturas rápidas e socialmente aceites. Fico sempre a sorrir quando me enviam assim um sms. Dantes preocupava-me porque achava que os meninos e as meninas iam perder a capacidade de escrita. Entretanto, habituei-me, embora dificilmente utilize abreviaturas.

Não posso ser simplista, nem gosto de ser radical ou conservadora, vou pensando nestas coisas à medida que elas vêm ter comigo. E hoje recebi uma sms quase indecifrável, pela economia nas palavras. E nas palavras eu não poupo. Uso e abuso. Também ainda não pagam imposto, o que para mim é uma sorte, para a carteira e o coração. 

Por isso criei este blog, onde despejo palavras e textos à medida que me chegam à ponta dos dedos. O meu irmão, primeiro responsável pela criação deste blog, continua a dizer que devia estar ligado a uma rede social, para que muitos mais lessem. Respondo que a qualidade não é assim tão evidente e que alguns já me descobriram e me lêem.   
E para mim, é já um atrevimento e uma inovação, esta adaptação aos novos meios de comunicação. Passei anos e anos a escrever em cadernos de apontamentos. Só para mim. E sempre me bastou. 
Mas é claro que fico sempre contente quando me escrevem comentários. Alimentam as minhas longas palavras, isso não posso negar.

2 comentários:

  1. Olá Manela!
    Verdade...um blog.... meio de comunicação que nos ajuda por vezes imenso. Como poderia ler os seus textos se não passasse por aqui...Obrigada pela partilha ;)
    Deixo também o meu. O blog do projeto que iniciei na minha quinta.
    http://quintadaestrela-asela.blogspot.pt/
    Abraço
    Eunice Ribeiro

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  2. Criar uma conta numa rede social, é necessário. E começa a ser urgente. Porque os textos merecem ser mais divulgados. Porque a minha mana merece ser mais lida. E porque - perdoe-se o abuso - muitas, muitas pessoas merecem ter acesso a esta escrita.
    Para quando o começo?
    Beijo
    António Matos

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