Fico com um gosto amargo na boca, ainda que a racionalidade ajude a entender. Mas entender nem sempre chega. Precisamos de um outro mundo, mais ético e justo, menos mal dizente, mais partilhado e coletivo. Menos individualista. O que leva as pessoas, algumas pessoas, a sentirem-se donas e senhoras da verdade e da perfeição e a emitirem profecias sobre os outros? Como se lhe tivesse sido dado o poder de julgar passados e avaliar futuros, em conversas ligeiras de café, à volta de uma mesa.
Fico com um gosto amargo de boca. Relembro o que fiz e como fiz e penso que os nossos atos nem sempre se revelam transparantes e adequados para quem usa lentes com filtros de formatos esteriotipados e pouco flexiveis. As armações são quadradas e influenciam a leitura da vida e dos comportamentos. Possuem uma visão limitada e não obtém os óculos certos para ver ao perto e ao longe. Nunca os conseguirão comprar, apesar do dinheiro que amealharam, a par e passo com ilusões de lugar cativo no pódio.
Fico com um gosto amrago na boca, mas não devia. E não devo. Então, há alguma novidade nesta maneira breve e insensivel de deitar sortes? não, não há. Assim se regem alguns, sem pudor e sensatez.
Fico com um gosto amargo de boca, mas vou comer um doce. Para adoçar o azedume das palavras e retomar o encanto das minhas convicções.
E das minhas férias. Para além de obras na casa, não quero mais empecilhos a atrapalhar o sol e o cheiro do mar que está quase a chegar.
E vou levar os meus óculos, para ver bem ao perto e ao longe. Apesar de velhos, julgo que tenho as lentes certas e uso-as sempre com muita precaução.
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