sábado, 15 de abril de 2017

Na Páscoa, comemorar a vida

De novo a Páscoa, com amêndoas na mesa e flores no campo. De novo a comemoração da vida e dos laços, a alegria de estarmos por cá, com os nossos, em amor e liberdade. Porque é abril, o mês onde a revolta se vestiu de cravos, estampados na mão de uma criança, contra a ditadura. Por isso, é possível falar, escrever e cantar sem medo.

E hoje o meu canto é de silêncio, aquietado pela surpresa e a emoção. Temos uma nova pessoa entre nós, menina pequena e redonda, boca perfeita e dedos grandes, veio de um lugar quente, uma barriga doce, que a gerou, acolheu e devolveu aos braços de quem a fez. Um pai e uma mãe jovens, que se encontraram e prometeram ser felizes, amando-se a cada dia e querendo assim ficar para o futuro. Uma nova pessoa, linda e amorosa, chora, mama e sorri, tem cheiro de bebé e cabem nela todos os sonhos do mundo, aqueles que ainda não sabe nem conhece, mas a sua condição de pessoa já almeja. Porque nascemos para o melhor que saibamos e possamos ser.

https://s-media-cache-ak0.pinimg.com/736x/60/68/04/6068047f0ef7acb3d9924c9a906afaa8.jpg Espanto-me sempre perante este milagre. E renovo a condição de quase mistério, nesta nova vida que agora respira por si, aninhada em colos de amor e proteção, primeira condição para a autonomia da sua pessoa. Que ser quer inteira e livre, amorável e plena, confiante e desassombrada.

E emociono-me com este corpo pequeno e a sua promessa maior. E calo-me e alegro-me perante este compromisso e este projeto. Que exige entrega, atenção, amor e cuidado. Mas também respeito, disponibilidade, sentido de escuta, sensibilidade e bom senso. Para que a menina cresça luminosa e a sua pessoa se cumpra, em liberdade. 

Assim desejo que seja, nesta Páscoa. Com ovos de chocolate, folares caseiros e abraços quentes. Para os jovens pais e a nossa menina. E para nós todos, artesãos da vida.