Quanto custa a vida? Hoje acordei com esta pergunta, em jeito de balanço. É fim de ano, somos dados a sínteses e promessas.
Quanto custa a vida? quanto de nós se esvai na liquidez dos dias e na luta de ser gente, entre iguais e diferentes? quanto pagamos pelo pão e pela comida na mesa? quanto pagamos pelo amor no coração e na alma ardente? quanto damos, recebemos e recusamos?
Quanto custa a vida? quanto pagam as crianças que vivem na pobreza e espreitam um futuro que foge desalmado? quanto pagam os sem casa, pela praça deserta e o cartão que não cobre o frio? quanto pagam as mulheres maltratadas? e os outros, marginalizados?
Quanto pagamos pelos sonhos desfeitos, pela procura da verdade e a alegria da liberdade? quanto pagamos pelas nossas ideias? quanta força despendemos no içar das bandeiras que colocamos ao alto?
Quantas lágrimas derramamos no correr do tempo, quantas rugas se formaram e se tornaram pele, quantos ensaios rasgámos e reescrevemos, quantas palavras se foram, sem verbo e conjugação?
Quanto nos custa rebeldia e a alegria? e a solidariedade a bondade? o canto e o poema? quanto nos custa ser gente de corpo e alma inteira?
Que 2020 possa ser um ano livre de pagamentos coercivos. A pagar, que seja em cestos de géneros livres de impostos: igualdade, direitos, justiça, pão, saúde, trabalho para todos. Sem distinções.
E amor e rebeldia. Muito. Sempre.
E amor e rebeldia. Muito. Sempre.