Uma amiga minha de longa data, a quem costumo contar muitas das minhas histórias profissionais - e não só, entenda-se, porque a tomar um café costumamos dar a volta a muitas voltas da nossa vida - desde sempre me disse que eu devia escrever muitas das situações que lhe relato e que foram por mim vividas nas diferentes salas onde tenho estado com crianças, colegas e familias. O que essas histórias têm gerado de discussão, risos, análises e longas conversas entre mim e ela, que nem sequer está ligada diretamente ao mundo da educação, justifica, por si só, uma escrita. Diz ela "um dia destes já não te lembras, e é pena..." Talvez tenha razão, um dias destes quero recordar tim tim por tim tim tudo o que aprendi com as minhas crianças e já não saberei reproduzir as suas falas e os seus ditos, que foram fundamentais para a educadora e a pessoa que hoje sou. Parte do meu património pessoal e profissional foi constrúído na interação diária com meninos e meninas, que me mostraram, ao longo dos anos, a espantosa maravilha e complexidade do ser humano, a riqueza e diversidade da infância, que considerada uma idade muito jovem de ser-se gente, é profunda, séria, ativa e procurante.
Embora saiba que já muito esqueci, vou inaugurar neste blogue, uma especie de secção as "lições de pedagogia", não para citar autores e teorias, mas para dar voz às crianças que comigo conviveram muitos dias da sua vida. Foram elas que me ensinaram as melhores coisas que sei, quando comigo partilharam os seus sentimentos, emoções, dificuldades, angustias e até em alguns momentos, raiva e dor. E também muita alegria, envolvimento, empenho, curiosidade, prazer.
Parece-me justo e certo que assim seja. A palavra pois, a quem me deu, sem que eu pedisse, lições de pedagogia.
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