Dizem-nos as palavras, em jeito de conversa e elas entranham-se na nossa pele, escavam mais fundo no lugar das veias e vão direitinhas ao coração. Procuram um lugar conhecido, alguns espaços mais recônditos, aconchegam-se nas memórias que identificam, fazem cama e centro de sala e tomam conta de tudo. Tudo é mesmo tudo. Depois, muito juntas, com a força da sua natureza, invadem o nosso corpo, principalmente os olhos, tornando-os tristes e apagados, apenas livres para a saída das lágrimas. Quando aqui chegam, não há como parar o caudal da água, a inundar a cara e as mãos, a cair numa folha de um livro qualquer que estejamos a ler. Muitas vezes atacam também a garganta, fazem um nó no lugar por onde sai e entra o ar que respiramos, transformando os dias num continuo desfiar de soluços. Ainda que em silêncio.

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