No fundo da alma há um sítio secreto do amor onde se podem guardar as lembranças doces de outras vidas. Coisas pequenas e límpidas, água a correr de nascentes, alguns risos de alegria, pratas coloridas de embrulhar chocolate, torradas e mel, paus de canela e conchas do mar.
É um sítio longe, decerto terás que palmilhar pela poeira dos caminhos, escutar o vento do norte e perder-te nos canaviais, rogando pragas pela secura da pele e a falta de água para matar a sede. Peço-te que não desistas, que aguentes firme a lonjura do sonho, que resistas a fugir do mundo para te recolheres no princípio da dor.
Acredita em mim e pensa que no fundo da alma há um sítio secreto do amor, com rios de estrelas candentes e esteiras macias, algumas pérolas contra maus-olhados e cartas da sorte para virar destinos.
É um sítio longe, eu sei, decerto te inundará um desespero fino de cortar esperanças e um cheiro antigo de prolongar memórias. Peço-te que não desistas e venças a prova dos nove, aquela que tentas fazer para acertar com os números perfeitos da vida.
Entretanto descansa e dorme, deixa todos os fios que te prendem a alegria, recosta-te numa pedra lisa e fina, sente o bater do coração junto ao peito. Enche-te de encantos e clareza, procura a maravilha. Ouve o poeta.
Procura a maravilha
Procura a maravilha
Onde um beijo sabe
a barcos e a bruma.
No brillho redondo
e jovem dos joelhos.
Na noite inclinada
de melancolia.
Procura.
Procura a maravilha
Eugénio de Andrade
Passei a manhã a alimentar-me de tuas palavras.
ResponderEliminarBelíssimas e cheias de coração.
Fez-me chorar, sorrir, amar.
Obrigada.
Obrigada e ainda bem. Só nem sei quem escreve...
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