domingo, 26 de julho de 2015

Encontro do MEM: pensar e rever a pedagogia

De novo no meu sótão depois de mais um congresso do MEM. De novo cheia de ideias, imagens, inquietações, silêncios. Silêncios necessários para lidar com o espanto, uma espécie de surpresa preciosa que nos confirma que sim, estes professores continuam a apostar em espaços dialógicos e democráticos como esteira para fazerem um chão seguro, bom para andar e aprender na escola e na cidade. Porque a escola, esta escola, respira e vive de cultura e pessoas, com obras e compromissos éticos, em contextos concretos. Em cidades, vilas e aldeias, como espaços de vida e locais de igualdade e cooperação. Assim se tenta, assim se deseja, para isso se luta e se aprende, a cada ano que passa.

Fácil? Muito difícil. Esta proposta pedagógica exige adesão por inteiro. Exige coerência entre o que somos, pensamos e fazemos. Exige princípios claros e atualizados todos os dias. Não se compadece com a pedagogia por metade. Dispensa e nega  os instrumentos de trabalho como a coisa em si, porque a coisa em si é a vida dos grupos de crianças e jovens, com autonomia, direitos e deveres, no quadro de uma escola hospitaleira, onde todos têm lugar, vez e voz. Para construir uma aprendizagem que é, antes e depois de tudo, uma posição de estar no mundo e na vida.

http://www.esquerda.net/sites/default/files/material-escolar-38-95.jpgFácil? Muito difícil. Porque este modelo exige vigilância ativa, processos de auto e hetero formação, trabalho em parceria, apoio e regulação. Exige que os professores apliquem entre si o que aplicam com e entre os alunos. E com os auxiliares. E com as famílias. Esse tal isomorfismo, que liga tudo e todos numa lógica de produção de saber significativo e apropriado por quem aprende. E quem aprende são todos os que estão na escola.

É por isso e por muito mais que saio espantada e contente deste encontro. De ver confirmadas as razões do modelo, que é dinâmico, repensado e escrutinado sempre que se partilham comunicações como as que pude ver. Para além dos instrumentos, para além dos produtos, os processos, retratando a ideologia presente na intervenção pedagógica.

Porque a educação não é neutra. Porque a educação é no MEM, aquilo que o professor Nóvoa, salientou na sessão de abertura, em torno dos quatro C: cultura, comunicação, cooperação, compromisso. 
Assim aconteceu. Parabéns a todos.


3 comentários:

  1. Porque me identifico, porque coloco em prática a "politica dos 4 C", muito obrigada Manuela, por mais um belo texto. Tive muita pena de não poder estar presente no congresso. Parabéns a todos.

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  2. Vou destacar: "Exige que os professores apliquem entre si o que aplicam com e entre os alunos. E com os auxiliares. E com as famílias" - É esta a visão que nos vai fazendo andar (ou pelo menos deveria).
    Fábio Gonçalves

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  3. Concordando com o texto bonito e significativo, me atrevia a acrescentar ainda dois C; Construir, Coração.
    Obrigado pelo seu trabalho de educadora, Felicidades pelo caminho.

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