Tu querias da vida a nudez perfeita. Para poder tocar-lhe todos os dias e todos os dias sentires o essencial. Apenas o essencial. Unicamente o essencial. Veias, raízes, respiração, cadência e regularidade. E beleza. Se assim fosse, pensavas, ganhavas tempo e sabedoria, circulavas nos dias sem precaução, o que te era dado viver era absoluto e real. E belo. E necessário. E certo e justo. Sem dilemas.
Tu querias da vida apagar-lhe o vento do norte que carrega maus presságios em dias de inverno e colocam os homens em alerta. Não gostas de meteorologias instáveis, transformam a perfeição da paisagem em pedaços rasgados, longe do fio de prumo que tece a verticalidade.
Querias da vida a nudez perfeita, para ires direito aos seus indícios mais primitivos, únicos, totais, a justificar um investimento com retorno. Não estás na vida para condescender nem apertar a mão em jeito de compadrio. És contra alianças sem utopia.
Quem olha para ti, sabe que andaste anos a fio à procura dessa nudez. Quase minimalista, quase etérea, quase inexistente. Mas um sonho esculpido no teu coração frágil, reclama sinais claros de poisos sossegados, para ficares em silêncio a olhar a perfeição das formas e das cores dos dias perfeitos.
Sagrados, costumas dizer, sem que ninguém perceba onde queres chegar. Mas tu sabes.
Sem comentários:
Enviar um comentário