1 de setembro.
Inauguremos a chegada do novo mês e o descer do sol, os dias mornos e temperados do outono. Nessa celebração, saibamos apreciar as tonalidades das folhas que vão cobrir a terra e façamos as nossas despedidas ao tempo quente de verão. Regressemos convictos aos dias plenos das vozes múltiplas das crianças, na escola, e coloquemos toda a energia que pudermos ao serviço do seu cuidado e educação. Que possamos ser os melhores educadores que soubermos.
No entretanto, hoje ainda é dia para conviver com o descanso e alguma inquietude, por aquilo que nos aguarda.
Para embalar o que sentimos, pedimos palavras emprestadas. Aqui ficam, por Eugénio de Andrade.
É outono, desprende-te de mim.
Solta-me os cabelos, potros indomáveis
sem nenhuma melancolia,
sem cartas a responder.
Deixa-me o braço direito,
o mais ardente dos meus braços,
o mais azul,
o mais feito para voar.
Devolve-me o rosto de um verão
Sem a febre de tantos lábios
Sem nenhum rumor de lágrimas
Nas pálpebras acesas
Deixa.me só, vegetal e só
correndo como rio de folhas
para a noite onde a mais bela aventura
se escreve exactamente sem nenhuma letra
Eugénio de Andrade
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