Hoje o dia começou cedo e terminou tarde. Pelo meio, ficou cheio de vozes de meninos e meninas, desenhos e pinturas, brincadeiras, alguns zangas, amuos e tristezas. É assim sempre que se começa. A expectativa misturada com receio, a alegria com umas lágrimas, os silêncios com vozes altas. Entrar numa sala e aprender a morar nela demora e faz-se por múltiplas tentativas, avanços e recuos. De mansinho ou apressadamente, conforme somos mais ou menos ativos e calmos e serenos e ruidosos.
Penso nas crianças e tento imaginar o que sentem, estranhos que estão daquele espaço e dos adultos que nele encontram. Penso nas famílias e sinto-as simpáticas, receosas, expectantes, distantes, desconfiadas e disponíveis. Em vinte e cinco famílias, temos muita diversidade. Ainda bem. As crianças também são assim, algumas já correm de manhã para me darem abraços e risos, outras ficam encostadas à parede, a observar, inibidas, outras choram e protestam. Em voz alta e com movimentos fortes.
E eu que de educação sei alguma coisa, falta-me a serenidade completa para lidar com o desconforto da adaptação. Porque é disto que se trata. O desconforto daquilo que não conhecemos, a necessidade de criar vínculos que apenas se constroem com o decorrer do tempo. E o tempo decorre não como queremos, mas segundo um ritmo próprio. Podemos até ter a tentação de o apressar, queimar etapas, fazer avançar a lentidão que marca qualquer criação de laços. Como diz a raposa para o principezinho "Tens que ter paciência, primeiro sentas-te longe de mim e olhas-me para pelo canto do olho...". Na minha sala estamos quase todos a olhar pelo canto do olho! Apenas nos conhecemos há três dias, não admira.
Mas tenho a ideia - ainda que não o digamos - que queríamos todos lá na sala, grandes e pequenos, olhar cada um de frente e com isso, ter o conforto da familiaridade, da segurança e do bem estar. Saber extamente o que cada um é, sente e sabe. Sei que ainda é cedo e o caminho apenas agora se inciou. Teremos que continuar a mobilizar a nossa paciência, investimento, cuidado, atenção, pelo meio das coisas que vamos fazendo e dizendo uns aos outros
Havemos de lá chegar, crianças e adultos
Penso nas crianças e tento imaginar o que sentem, estranhos que estão daquele espaço e dos adultos que nele encontram. Penso nas famílias e sinto-as simpáticas, receosas, expectantes, distantes, desconfiadas e disponíveis. Em vinte e cinco famílias, temos muita diversidade. Ainda bem. As crianças também são assim, algumas já correm de manhã para me darem abraços e risos, outras ficam encostadas à parede, a observar, inibidas, outras choram e protestam. Em voz alta e com movimentos fortes.
E eu que de educação sei alguma coisa, falta-me a serenidade completa para lidar com o desconforto da adaptação. Porque é disto que se trata. O desconforto daquilo que não conhecemos, a necessidade de criar vínculos que apenas se constroem com o decorrer do tempo. E o tempo decorre não como queremos, mas segundo um ritmo próprio. Podemos até ter a tentação de o apressar, queimar etapas, fazer avançar a lentidão que marca qualquer criação de laços. Como diz a raposa para o principezinho "Tens que ter paciência, primeiro sentas-te longe de mim e olhas-me para pelo canto do olho...". Na minha sala estamos quase todos a olhar pelo canto do olho! Apenas nos conhecemos há três dias, não admira.
Mas tenho a ideia - ainda que não o digamos - que queríamos todos lá na sala, grandes e pequenos, olhar cada um de frente e com isso, ter o conforto da familiaridade, da segurança e do bem estar. Saber extamente o que cada um é, sente e sabe. Sei que ainda é cedo e o caminho apenas agora se inciou. Teremos que continuar a mobilizar a nossa paciência, investimento, cuidado, atenção, pelo meio das coisas que vamos fazendo e dizendo uns aos outros
Havemos de lá chegar, crianças e adultos
Muito Bom. Gostava de ter sido eu a escrever. É que, sendo Educadora de Infância, estou a vivenciar e a sentir exactamente o que estas palavras Dizem, de uma forma tão objectiva e clara.
ResponderEliminarFaço minhas as suas palavras.
Obrigada. Gostaria de usá-las.... Posso?
Isabel
Obrigada pelo seu comentário e por dizer que está a viver o mesmo. Assim ficamos menos sós! Se pode usar estas palavras? pode, elas são (estão) publicas.
ResponderEliminarUm bom ano para si
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarTraduzes de uma forma tão bonita,especial e clara o que te vai no coração...continua a escrever porque tens imensas pessoas a "seguir" o teu blog. Gostei muito deste texto...estava a ler e a "ver" a tua sala cheia de meninos, cheia de vida...força amiga...
ResponderEliminarE eu sou uma das amigas da Teresa Matos, colega de profissão, que acompanha os textos que vai escrevendo, cara colega.
ResponderEliminarÉ bom ver aquilo que sentimos traduzido em palavras desta maneira.
É bom sentir orgulho em ser, também, educadora.
Bem haja... e continue!
E eu Juca, sou a educadora que esteve na APEI, trocámos emails par uma formação a ser realizada por si, sobre artes, lembra-se? Agora regressei aos meninos e meninas e a escrita, que significa tanto para mim, neste momento é uma estratégia para aquietar receios e sobretudo pensar. E o que eu tenho pensado! obrigada por ler e comentar. Sinto-me mais acompanhada
EliminarBom ano!
Olá Manuela, não sabia, mas gostei muito de saber!
EliminarAgora que sinto que a conheço um bocadinho... fico ainda mais orgulhosa por ser educadora e por haver educadoras assim!
Vamos crescendo assim, em boa companhia!
Bjs, Juca
Já gosto tanto de a ouvir e agora posso também gostar de ler o que escreve...Obrigada pelas palavras que expressam tão bem aquilo que sentimos no inicio de cada ano letivo!
ResponderEliminarOlá, Sofia...ainda bem que há mais educadoras a sentirem o que eu sinto! Bom ano para si...
EliminarA leitura destas palavras "sábias" teve um efeito de bálsamo para as angustias de um inicio de ano...
ResponderEliminarBem haja!!!
É essa a ideia. ainda bem que teve algum efeito!
EliminarO sentir desta semana, tão bem retratado... Obrigada pelas suas palavras que tão bem descrevem o que senti nesta primeira semana junto dos meus futuros companheiros de viagem por mais um ano letivo...
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