Domingo.
Respirar as ultimas horas do descanso de fim de semana, sabe sempre a pouco. O tempo esgota-se entre a vida da casa, a leitura de jornais, um café com amigas, tratar dos gatos, a arrumação do sótão e mais outras tantas tarefas e ocupações. Ler João dos Santos, por exemplo. Outra, que agora é a principal e preenche quase todo o tempo disponível, é a reflexão sobre a melhor semana para os meninos e meninas da sala. E para as famílias. E para a equipa.
E o pensamento vagueia, um pouco a desnorte, influenciado pelas múltiplas frentes de intervenção. A atenção a dar a algumas crianças que ainda deslizam pelo espaço, um pouco perdidas; a necessidade de amenizar e inverter os braços no ar e algumas brigas furiosas que acontecem de repente; os colos que são pedidos, com lágrimas à mistura e difíceis de partilhar; as rotinas que requerem um trabalho continuado; as surpresas que serão bem vindas para alegrar o correr dos dias; os encontros a marcar com as famílias para a criação de laços mais profundos...e tantas outras coisas, que a seu tempo terão que apoiar a vinculação de crianças e adultos, naquele espaço.
Sinto que não chego para tanta coisa! E sei que não é preciso, nem sequer conveniente e possível, tratar de tudo ao mesmo tempo. O desafio que agora enfrento é selecionar o fundamental para continuar a acolher, com o máximo de segurança e afeto, a história e a vida das crianças que me couberam neste ano letivo. Intervir com jeito e serenidade. Sem pressas, centrada nas crianças e não em mim, ainda que comigo a seu lado. E propor situações que permitam a construção de um espaço democrático para todos. É o único caminho que conheço e o único que sei fazer. Tarefa gigante, que se faz apenas lentamente. Convém que não me esqueça disso. para não apressar o agir profissional. Por agora, o foco no saber, engenho e arte para o essencial.
É isso que vou fazer. Apenas e somente o essencial. Diz o principezinho que o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração. Estará o meu a ser bom leitor? Vou ter que confiar e arriscar.
De novo João dos Santos (1991)
"Quem educa são as pessoas reais e não as personagens ideais. Não se educa com as teorias, mas com os princípios, conceitos e preconceitos adquiridos na experiência e no convívio do grupo familiar e comunitário. A educação não é uma matéria que se ensine, mas uma atitude que reflete o confronto das vivências do educando que fomos, com as do educador que pretendemos ser"
Li mais uma vez com atenção,...li também nas entrelinhas e desejo que inicies mais uma semana com calma, sem trabalho excessivo, com tempo para conheceres o grupo e cada criança com a calma que te é permitida...BOA SEMANA
ResponderEliminarObrigada, pois acho que vai ser assim...boa semana, também.
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