sábado, 7 de setembro de 2013

Vida

Atrapalho-me nas palavras para fazer a sua descrição e quando a solicitam, procuro frases de circunstância. Igualo-me aos comuns dos mortais, apenas destapo do seu mundo uma pequena parte da evidente riqueza e singularidade.

Concentro-me na sua matriz - fogo, terra, água, - e na impossibilidade de partilhar tanta luz e sombra, guardo, por recato, as suas características de jóia rara. Aprisiono-a sem querer, tento protegê-la de olhares indiscretos e pouco sensatos, mas reconheço a necessidade de exposição e risco.

Dói-me o amor e o entendimento que tem sobre os seus intentos e desejos mais secretos. Dói-me a sua solidão e a inteireza da sua consciência de viajante, que em dias mais abertos se revela, não sem algum pudor, a espreitar nos intervalos do silêncio em que respira.

E no entanto, em alguns dias de irrepreensível beleza, alegro-me com a sua maturidade e lucidez, em movimentos perfeitos de comunhão e encantamento.
   

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