Há um silêncio tranquilo e doce que envolve o dia lá fora. Em mim, um tempo lento cobre-me de nostalgia e não sei onde permanecer, desloco-me ao ritmo da saudade que tenho. O domingo já acordou, já planeei a semana de trabalho para os meninos e meninas, estou preocupada com alguns deles, tento acertar a interiorização de novas formas de estar e fazer na sala. Demoramo-nos nesta (re)construção de sentido(s) para encontrar serenidade e diminuição de conflitos e agitação. Demoramo-nos na aprendizagem da aquietação do corpo, esse instrumento primeiro para conhecer o mundo. Demoramo-nos para entender o nosso lugar ao lado de outros. Contudo, hoje, adormeço esta procura e esta preocupação, tenho a energia em saldo negativo.
Hoje em mim, o silêncio inunda quase todas as palavras que me deixaste e percorro apenas algumas memórias e o que ficou para fazer. Ainda era muito, na tua agenda a tua letra a lápis de carvão registou algumas coisas a não esquecer. Ficaram suspensas, nesse tempo não sabias que a partida estava para breve.
Hoje, em mim, as tuas mãos de afago nos meus bibes de menina, compondo-me a alindando-me. A tua atrapalhação quando, mais velha, te perguntei pela vida das mulheres que geram filhos, mistério que queria ver resolvido. A tua atenção e as tuas conversas a propósito do mundo, da politica e das noticias que acompanhavas a par e passo, quando mais tarde começaste a viver na nossa casa.
Hoje, em mim, a imagem das tuas mãos de costureira, oficio com que ganhaste a vida e puseste o pão de cada dia sobre a mesa. Nunca te perguntei pelos teus sonhos para além das linhas e do dedal, mas pressenti sempre no teu coração uma eterna juventude e uma curiosidade aberta para o mundo. Interessavas-te pela vida e os teus olhos menineiros, já o escrevi, pareciam faróis a precorrer a linha do horizonte, à espera de boas novas. Mantiveste sempre a esperança de confirmar outra terra à vista, mesmo nos dias de nevoeiro.
Hoje, em mim, a saudade pela tua partida, ainda que mansa e mais conformada. Já são sete anos de ausência, os rapazes cresceram e eu envelheci. Continuamos por cá a recordar-te e a rirmo-nos com as tuas frases e a leveza de mulher forte e combatente.
Vamos almoçar todos juntos, hoje, em tua honra, assim propôs o teu neto mais novo. Gostaria que nos pudesse ouvir, felizes, com as nossas memórias, à volta da mesa. E que soubesses que isso, apesar da saudade e da nostalgia, é um dos teus legados na nossa vida.
Hoje, em mim, as tuas mãos de afago nos meus bibes de menina, compondo-me a alindando-me. A tua atrapalhação quando, mais velha, te perguntei pela vida das mulheres que geram filhos, mistério que queria ver resolvido. A tua atenção e as tuas conversas a propósito do mundo, da politica e das noticias que acompanhavas a par e passo, quando mais tarde começaste a viver na nossa casa.
Hoje, em mim, a imagem das tuas mãos de costureira, oficio com que ganhaste a vida e puseste o pão de cada dia sobre a mesa. Nunca te perguntei pelos teus sonhos para além das linhas e do dedal, mas pressenti sempre no teu coração uma eterna juventude e uma curiosidade aberta para o mundo. Interessavas-te pela vida e os teus olhos menineiros, já o escrevi, pareciam faróis a precorrer a linha do horizonte, à espera de boas novas. Mantiveste sempre a esperança de confirmar outra terra à vista, mesmo nos dias de nevoeiro.
Hoje, em mim, a saudade pela tua partida, ainda que mansa e mais conformada. Já são sete anos de ausência, os rapazes cresceram e eu envelheci. Continuamos por cá a recordar-te e a rirmo-nos com as tuas frases e a leveza de mulher forte e combatente.
Vamos almoçar todos juntos, hoje, em tua honra, assim propôs o teu neto mais novo. Gostaria que nos pudesse ouvir, felizes, com as nossas memórias, à volta da mesa. E que soubesses que isso, apesar da saudade e da nostalgia, é um dos teus legados na nossa vida.
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