Dia da criança, 1 de junho
Na minha casa, estou eu e o meu companheiro, os filhos andam por outras paragens, chamados pela vida que começam a construir para além do pai e da mãe. Tornaram-se adultos. Por isso, hoje, o dia da criança, não tem crianças por perto na minha casa, a não ser aquelas que moram no meu coração e nas memórias que guardo como um tesouro único e intransmíssivel.
Bem gostava dos dias da criança, quando ia de mão dada com os meus rapazes, meninos ainda, comprar uma prenda e um doce, e nos sentávamos em qualquer vão de escada a saborear o tempo, a companhia, as gargalhadas e algum choro, às vezes, também. Ou quando em bebés, apesar de ainda não conhecerem o dia e a comemoração, os abraçava com força junto ao meu peito. Tenho e terei sempre, o seu cheiro a leite e pó talco dentro de mim, o calor do seu corpo, a imagem das mãos pequeninas a procurarem-me.
Tenho saudades desse tempo. Já o disse tantas vezes, mas repito sempre com a mesma certeza, tenho saudades de ser necessária na sua vida e de me sentar no chão a vê-los brincar, curiosos e observadores, com livros, rocas, bonecos, trapos, carros. Ouvir o seu falar, as conversas imaginárias, as perguntas com resposta, as respostas sem pergunta, os brinquedos arrastados para a cozinha ou para a sala, paraficarem perto de mim.
E ali ficavam e ali se faziam um pouco mais meninos, um pouco mais crianças, no decorrer de um tempo que sendo doce, passou tão rápido e tão veloz que não dei conta dos mil sabores da doçura e de outras coisas a acontecer na sua vida de jovens pessoas. De certeza. Tenho para mim a ideia e convição que da infância apenas lhe captamos a sua parte visível.
E ali ficavam e ali se faziam um pouco mais meninos, um pouco mais crianças, no decorrer de um tempo que sendo doce, passou tão rápido e tão veloz que não dei conta dos mil sabores da doçura e de outras coisas a acontecer na sua vida de jovens pessoas. De certeza. Tenho para mim a ideia e convição que da infância apenas lhe captamos a sua parte visível.
E continuo a achar que esta coisa de ser-se mãe e pai e construir uma pessoa dentro de si e para além de si, é um milagre, uma aventura e um projeto arrojado. Que nos mobiliza dos pés à cabeça, nos comove e assusta, nos fortalece e responsabiliza. Para todo o sempre, até ao fim dos nossos dias.
Por isso hoje, passado tanto tempo, tenho saudades de comemorar o dia da criança, com os meus filhos, em meninos. Vou enviar-lhes uma mensagem e mandar um beijo para que guardem a infância que ainda sentem, dentro de si. Como um tesouro. Parece ser uma coisa boa para trazerem consigo, como adultos.
Relembro João dos Santos o segredo do homem é a própria infância
Vejo-me ao espelho em cada linha que escreveu neste belíssimo texto Manuela (afinal, também os meus meninos já são homens!)
ResponderEliminarMas eu não colocar em palavras estes sentimentos de maneira tão bonita!
Por isso gosto tanto de passear por aqui. Bem-haja!
* eu não SABERIA colocar em palavras
ResponderEliminarPois é, acho que nós, mães, temos assim muitas coisas semelhantes...por isso é que escrever é um ato individual que pode e deve ser partilhado, porque o que "há de mais individual é aquilo que há de mais universal" (citando o meu prof. Nóvoa, que também citou...já não me lembro...)...quanto a escritas, acho que também poderia fazer assim e ainda melhor...eu já li coisas suas e gostei muito...sobre a sua/nossa profissão e gostei muito. Obrigada por me ler e comentar. Bjs
ResponderEliminarÉ um doce texto e Lindo! Bj
ResponderEliminarObrigada, Vitó, amiga de sempre e agora a fazer comentários. Viva! bjs
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