O dia foi intenso, ainda que não tanto como há oito anos.
No meio da algazarra dos meninos e meninas ia-me lembrando de ti e da tua partida, naquela sexta-feira de 16 de novembro. Nesse dia pensei que morria contigo, tal era a dor no peito e a minha mágoa. Hoje não foi assim, o tempo ajuda a tornar mais suportável e menos densa, a dor. Agora é uma saudade morna, meia triste e meia conformada. Que havemos de fazer?, dirias tu se cá estivesses.
Havemos sempre de agradecer a memória e a lembrança do teu rosto, das tuas mãos e do teu riso. Havemos sempre de te convocar em alguns dias para a mesa, rir dos teus ditos que ainda permanecem entre nós e nos aquecem o coração e as pessoas que somos. Havemos sempre de voltar ao teu lugar, à casa onde nasceste, perto da ria e do mar.
Havemos sempre de nos espantar com a arte de renovar a vida e tendo-te perdido, a possibilidade de nos refazermos com futuro. Sem ti e ainda contigo. Pelos laços e pelos nós, pela pele e pela semelhança, porque mãe e avó foste e assim partiste. Havemos sempre de sentir e querer essa condição e esse amparo.
Havemos sempre de voltar ao teu regaço, à doce recordação dos bibes da infância, ao leite com café e às torradas com manteiga. E aos dias de inverno, contigo a fazer o jantar na nossa casa. Havemos sempre de pensar que ser mãe é ser sempre, com ou sem presença.
Havemos sempre de te amar e sentir a tua falta na nossa casa e na nossa vida. Que havemos de fazer?
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