domingo, 22 de novembro de 2015

Os direitos das crianças

Hoje foi dia de sábado pedagógico e ainda bem. Ouvimos o Pedro Branco e as Martas, a Marta Botelho e a Marta Reis, a comunicarem as suas conceções e as suas práticas no contexto do MEM. O Pedro começou primeiro, voz a deslizar à volta da escrita e da palavra, como se tudo fosse fácil, tranquilo e natural. Sabemos que não, não estivesse ele a falar do poder do professor, do lugar da escrita na escola, da procura dos alunos nas suas escritas, da escrita do professor como estratégia para se dizer, comprometer-se e desenvolver-se. Pois, não é fácil, mas foi muito bom ouvir e ter oportunidade de voltar a pensar sobre o assunto, a escrita, essa componente séria e fundamental da nossa vertente de trabalhadores intelectuais, como disse o Pedro.

Depois foram as Martas, numa comunicação cooperada, para ilustrar os princípios do MEM e a sua tradução na pedagogia, no pré-escolar. Que bem explicitado, instrumentos, projetos, espaços e momentos onde a democracia, a cooperação, a cidadania se imbricam uns nos outros e dão lugar à participação das crianças como gente competente e com direitos. Profissionais que se interrogam, vigilantes face às suas práticas fazíamos assim e vimos que não tinha sentido...mudámos... numa lógica de pesquisa e mudança, para uma intervenção educativa e social, com significado e ressonância na vida das crianças. Foi bom ver a persistência destas Martas, para afirmar perante outros, os saberes e o direito à utilização de outros espaços, fundamentais para responder a projetos encetados pelo grupo.

Eu, sentada no meio de muitos, a percorrer a minha semana, à volta com o que fiz bem e o que fiz menos certo, eu, os meninos e meninas e a equipa, a construírem um tempo de participação, entre missão pijama e direitos das crianças. Porque não podemos passar sem com eles pensar e conversar sobre o assunto.
Li o livro Gabriel o direitinho e ainda que não o considere muito fácil, os meninos e as meninas fizeram um silêncio completo, olhos e rosto a seguir todas as palavras, uma adesão imediata, um interesse e uma escuta ativa, apesar da ausência de palavras.

Elas vieram no dia seguinte, em forma de partilha entre todos. Escrevemos o que disseram, devagar, devagarinho, espantados com a sua sensibilidade e assertividade. Escrevemos com alegria também, por todos estarem a falar da sua vida, aqui neste lugar, onde às vezes os direitos andam escondidos e amedrontados por condições de vida difíceis e pouco ajustadas a um quotidiano que se quer com pão, saúde, habitação, educação, igualdade de oportunidades. Não é fácil, mas é um desafio. 

Pois não. Não é fácil a escrita, não é fácil viver os princípios, não é fácil propor práticas que respeitem os direitos. Porque a escola, a nossa escola, ainda anda lentamente à procura de conceder às crianças o seu lugar de construtores de sentidos. Pela palavra, pela ação, pelo presente, pelo futuro.

Não é fácil mas é desafiador. Aqui ficam os direitos vistos pelo nosso grupo, pela ordem que disseram e sem alterações. Já partilhámos com as turmas do 1º ciclo, em cartazes ilustrados por nós. Já temos uma tela em tecido com ilustrações nossas e de algumas famílias. Agora vamos levar para casa. É preciso divulgar e dar sentido social aos que fazemos e pensamos.

As crianças têm direito a ser protegidas da guerra
As crianças têm direito a uma família
As crianças têm direito a ter brinquedos
As crianças têm direito a ter uma mãe, um pai, uma avó, um avô
As crianças têm direito a ir ao hospital e a ter médico
As crianças têm direito a ser bem tratadas
As crianças têm direito a ter uma alimentação saudável
As crianças têm direito a ter um nome
As crianças têm direito a comer sopa
As crianças têm direito a ter uma escola e a ter professoras
As crianças têm direito a ter abraços, mimos e festinhas
As crianças têm direito a ter uma casa e a ter uma cama
As crianças têm direito a brincar 

 Grupo pré-escolar - 20 novembro 2015



2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. E se os direitos por eles ditos fossem respeitados, não estávamos nada mal... nada mal...

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