Sábado.
Um sol que espreita de mansinho para retemperar forças. Como diz o poeta fim-de-semana é para ganhar coragem. E coragem é coisa que necessitamos. Coragem e alegria para espalharmos pelos dias que nos são oferecidos, assim, como uma bênção, dizem alguns. Mas não é gratuito, tem custos e preceitos, dão-nos o tempo e nós temos que o esculpir. Arte difícil, não vem com manual de instruções nem ferramentas úteis para a produção da obra, a que faz da vida uma condição boa para se viver.
Lá pela nossa sala, conversamos muito destas coisas, sem metáforas, já se vê. Indo diretas ao assunto, que não chega passar ao lado e ignorar. Não ignoramos porque é tudo muito real, não ignoramos porque vemos, ouvimos e lemos, não podemos ignorar. Somos requisitadas vezes sem conta para resolver problemas, a conquista de autonomia é um caminho longo, que exige atitudes concertadas e consistentes. Quando não existem, porque a educação é obra de muitos, demora-se mais a saber o nosso lugar, os nossos direitos e o sentido da participação. Andamos para trás e para a frente, ora com avanços ora com retrocessos. No fim, quero acreditar que o saldo será positivo. Assim espero, por isso nos debatemos e não largamos mão desta forma de fazer. Com ambivalências e impaciência. Queremos fazer depressa e bem e nisso há pouco quem.
Nesta semana o diário ficou novamente cheio. Cheiinho de problemas. Muitas escritas e muitas letras, a fugir da coluna certa, a encavalitarem-se umas nas outras, tal e qual os conflitos que têm. Tantos, que na sexta-feira, dia de conselho, foi difícil relatarem o vivido e lembrarem-se do que tinha acontecido. Rapidamente diziam não, não, eu não fiz, não fui eu, tornando (quase) irrealizável a discussão e a resolução.
Salvou-nos a memória dos mais velhos que tinham estado por perto dos acontecimentos e que ajudaram a estruturar os diálogos.
Os adultos falaram muito, para apoiar as ideias, fazer sínteses e pôr de pé o conselho. Os mais novos queriam de novo escrever, porque se lembravam de novas aventuras, atropelando o tempo e as ocasiões. São novos sim, têm 3 e 4 anos. Cheios de gestos rápidos conhecem de cor as reações a quente, levantam o braço e batem, estão a aprender a pensar antes de bater. Leva tempo, muito tempo.
Quando terminámos uma ponta de mau estar invadia-me. As ideias a perseguirem-me, a inquietação de um tempo mais nosso que deles, a certeza do possível, a fragilidade do(s) modelo(s) de mediação e contenção, em contraponto com a facilidade da resolução aqui e agora. Olho por olho dente por dente, pois, é mais fácil.
Sexta-feira terminou com a cabeça e a mochila cheia de perguntas. E um gosto amargo na boca e na pedagogia, que tentamos constuir todos os dias.
Por isso, obrigada ao sol que hoje veio, ainda que tímido. É bom para ganhar coragem. Assim a tenha.
Salvou-nos a memória dos mais velhos que tinham estado por perto dos acontecimentos e que ajudaram a estruturar os diálogos.
Os adultos falaram muito, para apoiar as ideias, fazer sínteses e pôr de pé o conselho. Os mais novos queriam de novo escrever, porque se lembravam de novas aventuras, atropelando o tempo e as ocasiões. São novos sim, têm 3 e 4 anos. Cheios de gestos rápidos conhecem de cor as reações a quente, levantam o braço e batem, estão a aprender a pensar antes de bater. Leva tempo, muito tempo.
Quando terminámos uma ponta de mau estar invadia-me. As ideias a perseguirem-me, a inquietação de um tempo mais nosso que deles, a certeza do possível, a fragilidade do(s) modelo(s) de mediação e contenção, em contraponto com a facilidade da resolução aqui e agora. Olho por olho dente por dente, pois, é mais fácil.
Sexta-feira terminou com a cabeça e a mochila cheia de perguntas. E um gosto amargo na boca e na pedagogia, que tentamos constuir todos os dias.
Por isso, obrigada ao sol que hoje veio, ainda que tímido. É bom para ganhar coragem. Assim a tenha.
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