Ontem foi dia de formação no Alentejo, partilha e reflexão sobre o trabalho com famílias, numa instituição que tem no recreio limoeiros e laranjeiras. E gente simpática e acolhedora. Foi um dia intenso, sete horas a dizer de mim e da prática pedagógica e a ouvir colegas, tentando pensar bem sobre as estratégias para envolver no contexto educativo aqueles que são o primeiro espaço de referência das crianças. Coisas difíceis, já se vê, mas fundamentais na nossa profissão.
O regresso a casa aconteceu pelo cair da tarde, ao som do Abrunhosa e Rui Veloso. Lavei os olhos e a alma, com as planícies a desfilarem ao meu lado, verdes e profundas, as árvores recortadas na paisagem, os tufos de mimosas, o rosmaninho, o céu a perder de vista, o sol, redondo e laranja, lindo de morrer, a esconder-se na linha do horizonte, a queimar, um fogo intenso, ali mesmo ao pé de mim. Forte, um laranja forte. E o silêncio. O silêncio da tarde, pássaros a voarem e eu a pensar na riqueza do nosso património, da nossa terra, da nossa identidade.
E o cansaço instalado no corpo e na mente, por sete horas de interação, escolha de palavras, desocultação dos sentidos da pedagogia, esfumou-se como por milagre e fiquei cheia de silêncio, harmonia e tranquilidade.
Não sei avaliar exatamente o que ficou do que disse e do que ofereci, em forma de imagens, palavras e desafios, mas sei definitivamente o que em mim permanece: um dia carregado de trocas pedagógicas, reflexão com e contra a experiência, para a tornar mais inovadora e animada por princípios e práticas cooperadas.
Um dia que terminou com cheiros e paisagens que vão alimentar a semana, em casa e na escola. Bonito Alentejo.
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