terça-feira, 27 de maio de 2014

Infância(s) menor(es)

Pequena, franzina, olhos bonitos e rosto um pouco triste, com sorrisos rasgados em alguns momentos, ali estava a menina, indefesa, a estender as mãos e a procurar colo. Em silêncio. Não foi possivel conter a surpresa e a estupefação perante tanta enormidade.
E impediram-se as lágrimas de correr, este estranho liquido incolor que nos varre a cara quando o coração se encolhe e a alma gela. Rodeámo-nos de silêncio e apelámos à compreensão da vida. Tenta entender aqueles que não se comovem ou lançam dor ao seu redor, envolvendo crianças nesse mistério de protestar contra o destino. Tentar não ir na corrente das vozes imaturas ou demasiado comuns, como se na vida que vivemos, nas relações que estabelecemos, dois mais dois fossem igual a quatro. Não são.

Apesar disso, o pensamento corria veloz e zangado com aquilo que víamos. Apetecia ter a matemática como solução e certeza, para saber o que fazer com o que víamos e ouvíamos. Uma conta fácil com resultado certo.  Mas as contas são outras. São de rosário. Uma menina pequena com uma mochila, um corpo e uma história tão pesada que não parece haver resiliência que ajude. 

Na semana onde se comemora o dia internacional da criança, como pessoa de pleno(s) direito(s), onde vamos buscar a sapiência e a coragem para enfrentar tamanha surpresa e desconforto?

Onde nos vamos sentar para aliviar o cansaço desta realidade tão crua? Não podemos ler livros, nem escondermo-nos atrás dos poemas, nem sonhar com histórias de princesas encantadas.
Há demasiado frio ao nosso redor, apesar deste tempo ser de primavera. Será?  

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