Penso nas mães. Nessas mulheres com barrigas que deram gente, que se animaram e cansaram de as carregar, apesar de todo o amor e todos os sonhos. Penso nas mães e nos cheiros, nas flores e nas promessas, hei-de gostar de ti até ao fim do mundo garantindo que as mães são para sempre e por isso os filhos dormem descansados todos os dias da sua vida.
Penso nas mães e na largueza da praia, a perder de vista, um continente imenso de compromisso e dedicação, dar banho e pôr o creme, tirar a febre e aconchegar a roupa, espreitar os namoros e os amigos, perguntar pelas notas e levar à natação, olhar de longe e de perto e de lado. Olhar em todos os sentidos e direções. Olhar para comprovar o tempo a crescer e o amor a aumentar e às vezes, ainda a ser pouco.
Penso nas mães e lembro as suas condições. E vem-me à ideia a quadra de Aleixo, a rica tem nome fino, a pobre tem nome grosso, a rica teve um menino, a pobre pariu um moço. Penso nas mães e nas suas diferentes histórias, mulheres que se levantam cedo e levam os filhos ao colo, transportes e infantário, cedo cedinho, que a vida começa de madrugada e não há tempo a perder.
Penso nas mães que não tiveram infância, amedrontadas por uma barriga a crescer num corpo de menina, não seguram o peso nem o medo, acolhem os filhos com risos e sonhos trémulos e saudades de um colo para se aninharem ainda.
Penso nas mães neste dia a elas dedicado, um domingo de sol soalheiro e claro, o primeiro do mês de maio. Penso em todas as mães que receberam flores e beijos e nas outras que nem por isso. As que perderam filhos pelo caminho, as que não foram amadas para poderem amar, as que tiveram frio na infância e gelaram o coração para sempre, as que procuram pão e paz e não encontram.
E lembro-me da canção do Zeca Afonso
Quanto é doce quanto é bom
No mundo encontrar alguém
Que nos junte contra o peito
E a quem nós chamemos mãe
Vai-se a tristeza o desgosto
Põe-se a um ponto na tormenta
Quando a mãe nos dá um beijo
Quando a mãe nos acalenta
E embora seja ladrão
Aquele que tenha mãe
Lá tem no meio da luta
Ternos afagos de alguém
No mundo encontrar alguém
Que nos junte contra o peito
E a quem nós chamemos mãe
Vai-se a tristeza o desgosto
Põe-se a um ponto na tormenta
Quando a mãe nos dá um beijo
Quando a mãe nos acalenta
E embora seja ladrão
Aquele que tenha mãe
Lá tem no meio da luta
Ternos afagos de alguém
Feliz dia da mãe para todas as mães
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