Maria Mar de Saudade e Mágoa, tu que sofres em silêncio e choras baixinho, lembra-te de mim...E a mulher lembrou-se e sorriu desta lembrança em frente ao mar, inesperada de tão antiga. Uma leve estranheza invadiu o sol e a mulher, cobrindo-os com um manto de espanto, ainda que apenas por um breve momento, o necessário para compreender e aceitar. Porque o verão também é isto, pensou, a liberdade para soltar memórias e espalhá-las ao quatro ventos, no meio do mar, sem medo de marés vivas e avisos contínuos de luz do farol.
Verão também é isso, o corpo à deriva e o coração sem freio, a dançar de contente, num namoro pegado com os raios de sol e a frescura do amanhecer.
O verão também é isso, poemas soltos que vivem colados à pele, encrustados em tempos de chuva, que se soltam sem pedir permissão ou desculpa. O verão é, se for tempo livre, a liberdade para ser-se inteira e total, na vida, no tempo e no lugar.
E a mulher sorriu, demorou-se de novo na frase inesperada e acalentou em si a memória longínqua da imensidão do amor em tempo de verão. Assim seja sempre.
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