Alma carregada nesta sexta-feira. Um cansaço lento, um desconforto leve, mas sentido. Um não sei quê de inquietação, como se fosse necessário passar um apagador pelo quadro e começar de novo as intenções e as certezas. Escrever com maiúsculas, letras grandes, capazes de nos levarem, só pelo seu tamanho a espantos bons e a promessas credíveis, porque o futuro se joga todos os dias e os dias não se deitam fora. Os dias requerem almas confiantes e corpos ousados, capazes de correr nas estradas mais íngremes do tempo, esse elemento preciso que ligado ao espaço constitui o nosso chão e a nossa esteira para caminhos e descansos. Senti-lo como aliado, ele que tantas vezes joga às escondidas, ora perto ora distante e nós sem jeito de compor as horas umas a seguir às outras. Não temos esse jeito, mas facilmente criamos noites longas e estranhas, foge o sono e começamos a contar ovelhas, os pensamentos à frente da realidade, à procura de outras paragens e desafios. Os sonhos. Os que trazemos na nossa mochila de gente crescida, cheia de coisas de gente pequena. Da nossa infância e da(s) infância(s) dos nossos meninos. Os sonhos assim baralham-se, ficam apertados e confundidos, já não sabem como vir à luz do dia e tornarem-se uma certeza boa.
Estamos assim nesta sexta-feira, dia por excelência de viver preguiças, que hoje fugiram para dar lugar a pequenas inquietações. E dúvidas.
E o que tem isto a ver com pedagogia? Tudo e nada, pois, que as palavras quando nos assolam, são furtivas e mesteriosas, nós a querer contê-las e a enredá-las em molduras simples e elas, matreiras a escapulirem-se para terrenos movediços. Sem pedirem licença. E desnudam-nos sem pudor e lá ficamos nós frente às nossas fraquezas.
E por isso é que hoje a pedagogia se escondeu e veio mascarada destas ideias. Hoje estou incapaz de escrever sobre pedagogia. Deixei tudo de mim na escola e mais não quero dizer. Nem sei, que nos ultimos dois dias houve muito ruído, pedidos de colo, choro e meninos a baterem-se. Também a gostarem-se e a interagir, mas isso por agora, não me consola. Estou cheia de meias palavras, porque me faltam as palavras certas para acertar nos processos vividos.
Vou descansar e desculpabilizar-me de não ter feito melhor. Porque é que sonhamos repetidamente com grupos de crianças atentas, felizes, cordatas, amigas e tudo assim, bonito e gradual e quase perfeito? porque não somos mais pacientes, resistentes e realmente compreensiveis com os caminhos e os atalhos do crescimento na infância?
Há, de facto, dias assim. Mas seguem-se, quase sempre, outros melhores!
ResponderEliminarE quem faz o melhor que pode e sabe, a mais não é obrigado :-)
Obrigada, Juca, sempre desse lado a mandar-me sorrisos e esperanças. Obrigada, mesmo, sei que vai melhorar, mas hoje pesa um bocadinho. Bom fim de semana
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