Escolhi-os. Apesar das dificuldades, de dias cheios de dúvidas, de um cansaço quase permamente, de sentimentos ambivalentes e pouco gratos que me acompanharam quase todo o ano, quando chegou a hora da decisão...escolhi-os.
As escolhas são situações quase sempre dilemáticas, que mobilizam os nossos afetos e a nossa razão e sobretudo um quadro de principios e valores que carregamos junto à pele e que por isso, nos transformam no que somos, compondo a nossa identidade e as lentes com que vemos e lemos o mundo. Escolher, em liberdade, é optar por uma coisa em vez de outra, o que nos fazer perguntas, criar listas de prós e contras, afinar o que queremos e o que nos move, deslocarmo-nos errantes entre o sim e o não. Escolher pode ser mais ou menos ponderado, mais ou menos discutido, mais ou menos surpreendente. Ou uma opção que confirma a nossa teimosia e imperativo(s) ético(s).
Lembrei-me de tudo isto, hoje, na sala, enquanto dava mais um jeito no espaço, organizava os processos dos meninos e meninas, pensava nos poemas a colocar para bem acolher as familias no dia da reunião, selecionava os livros que hão-de acompanhar o riso e o choro dos nossos primeiros dias.
Escolhi-os. Aos que transitam do ano anterior e aos que iniciam esta caminhada a vinte e cinco vozes. Contra o esperado e contra ventos e marés, escolhi-os. E não iria falar disso se hoje, a lucidez não me tivesse assolado e um bocadinho de frio não me invadisse a barriga e o coração. O receio de viver de novo com as crianças o que não é suposto ser vivido. O receio de me confrontar de novo com infância(s) que parecem não ter essa condição, como direito e garantia de igualdade e equidade no mundo.
Escolhi-os. Se não o fizesse quem o faria? Se não o fizesse como iria conviver comigo e com a convicção de que todas as crianças merecem espaços de aprendizagem, estabilidade e afeto, para poderem crescer com apreço, reconhecimento, bem estar, autonomia. E que as mudanças são processos lentos, inconciliáveis com desistência(s).
Escolhi-os, porque não podia ser de outra forma. Se assim o fiz, é prudente que me capacite e me prepare para os seus risos e todas as vitórias que vamos conseguir juntos. Não posso olhar para o ano que vai iniciar sem esta premissa. Escolhi-os.
Fabuloso!!
ResponderEliminarDesejo-te um ótimo ano!!
Bjos
São Bracons
Eu este ano não sei se escolhi bem... tenho saudades dos meus alunos, das minhas colegas e dos pais dos meus alunos...
ResponderEliminarEstou mais perto de casa o que é melhor para a maria Inês, para o Jorge e para mim...
Tenho o coração apertado e cansado, cansado de meninos novos, colegas novas, escolas novas...
Parabéns foste corajosa na tua escolha ;)
Beijinhos Tânia
Foi, decerto, uma escolha consciente e bem fundamentada.
ResponderEliminarE quando assim é, só pode correr bem... para todos, mas principalmente para as crianças.
Porque quanto aos adultos, todos sabemos como é (os que estamos do lado de dentro), mas nem sempre conseguimos expressá-lo.
Que bom saber que a Manuela continuará, por aqui, a deleitar-nos com a sua escrita sobre pequenos-grandes problemas, dramas e sucessos de que estará cheio o seu e o nosso dia a dia.
Que seja um ano cheio de coisas boas!