Domingo. Aquele que antecede a chegada dos meninos e meninas da escola. A expectativa e uma ligeira inquietação, nem sei se lhe posso chamar assim, é apenas uma preocupação presente no(s) pensamento(s) e uma tremura no coração. Um pouco de exagero, talvez, mas é assim que sou e é assim que me sinto.
A reunião com os crescidos já se fez, de novo a confirmação dos afetos e das desconfianças, animosidades declaradas que temos que entender e aceitar, sem perder a compustura e empatia, não é contra a nós é contra o mundo e projetam-se ali, medos e outras histórias antigas, lembranças de infância mal resolvidas, representações não positivas da escola, que fazem lançar garras e marcar território em defesa dos filhos. Rostos zangados, palavras duras, com receio de exclusão. Apenas a compreensão e a racionalidade permitem estabelecer pontes, ainda que frágeis, para iniciarmos o ano com o máximo de cuidado, educação e clareza. Uma proeza nem sempre conseguida num primeiro contacto. Acreditemos que tudo se vai recompor e ficar no lugar certo, que é o lugar do respeito, da cooperação e aliança(s). Para que as crianças cresçam mais fortes, mais tranquilas, mais livres e poderosas.
Assim estou neste domingo, rebobinando as lições de vida e de profissão que fui aprendendo ao longo do tempo, na mira de encontrar os melhores meios para comunicar eficaz e afetivamente com as crianças e as familias. Apesar de banal no quotidiano dos educadores, esta é uma matéria delicada, que não se pode negligenciar, apenas resulta quando atende e se adequa ao ambiente social e comunitário onde a escola se insere. Implica um bom senso extraordinário e a resolução de dilemas quase diários, nem sempre claros e visíveis, entre o que os profissionais são e defendem e os projetos das familias. Como são, como amam as suas crianças, que condições, valores e modos de vida vivem e defendem.
É preciso olhar e ver com olhos de ver e entender. É obrigatório não rotular, antes oferecer outra(s) formas de ser e fazer. Com cuidado e sem pressas. Para impregnar o quotidiano de diversidade(s), para abrir horizontes e lutar contra os guetos.
Assim estou. A organizar-me para acolher o melhor possivel. Razão, coração, saber, sensibilidade. Sem esquecer que os escolhi. Eu e toda a equipa
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