Andarás pelo tempo, leve como uma folha em dia de primavera, verde e nova, a rebentar em pequenas formas e cores, em cima de troncos quase perfeitos, assim o sentirás. Cumprirás o teu desejo lentamente, a apreciar o sabor da liberdade e dos sonhos, como se o presente só a ti pertencesse.
Contente, olharás cada flor da rua mais bonita da cidade e sonharás de novo com o teu pleno amor, esse que escapa à compreensão das ideias mais certas dos homens em tempo de decisões sensatas. Não ouvirás a voz da razão, não conheces esse dialeto e não o queres de novo impregnado nas roupas antigas que ainda não deitaste fora.
Não as queres, por mais que cheirem a históprias antigas que fazem sorrir e correrás a cobrir-te de um manto de luz, porque te sentes e sabes conhecedor de novas linguagens, essas que espreitam poderosas do fundo da tua alma errante.
Assim te lembro, enquando espreito o quintal cheio de flores que necessitam de ser cuidadas.
Mas o tempo anda cheio de água das nuvens e não há paz nem sol que convide a uma tarde de jardinagem. Assim vão crescendo, sem que eu queira, ervas daninhas, silvas e urtigas que picam as mãos que tecem a ternura.
Vou querer que o teu jardim se renove com força e circunstância, aquela que permite que brotem da terra as cores mais vivas da primavera, em forma de tufos de malmequeres, catos e amores perfeitos. Estes ultimos nem sempre resistem e crescem viçosos, mas acho que no lugar onde estás a terra parece forte, com jeito de mulher em tempo de gestação.
Como sempre, espero que não te esqueças dos utensilios para cavar a terra e alindar os canteiros. A natureza, apesar de bela e promissora, não escapa às intempéries que muitas vezes invadem o doce correr do tempo e da paisagem
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