A minha amiga veio ver-me.
Telefonou, estava perto e combinámos um café, desde logo, não fosse o tempo e a oportunidade fugirem. Vi-a ao fundo da rua e estava igual a ela mesmo: riso pronto, abraço quente, olhos com brilho. Quando nos sentámos, as palavras começaram a fluir, de imediato, análises criticas e sentimentos partilhados, que a amizade é um campo aberto de papoilas vermelhas em qualquer altura do ano. Mesmo em Dezembro. E fomos de conversa em conversa, rindo e devolvendo mutuamente o lugar que sempre ocupámos no coração uma da outra. Sem mais quê ou para quê.
E confirmei o que sempre soube: a minha amiga, que se ausenta vezes sem conta sem deixar rasto, mantém na voz e no olhar o desafio e a coragem de ser mulher combativa, decidida e lúcida. Atenta ao mundo e aos outros, inunda-os quase sempre com a sua humanidade e afeto caloroso, que gere sem poupar, numa generosidade desmedida.
Quando a vida não é amiga ou se revela paradoxal, a minha amiga enrola-se numa espécie de limbo e adormece devagar, sem dizer porque vai e não fica. Mas nunca esquece os amigos e a fidelidade que lhes é devida, característica que lhe cobre a pele e a identidade de mulher adulta.
Todos os que a amam sabem disso, ainda que muitos não ousem dizer. Eu digo. Isso e muito mais. A minha amiga voltou, ainda que por um tempo curto, mostrando que a amizade é intemporal, resistente e pertença de gente bonita.
Ontem foi natal. E foi muito bom.
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