Domingo cheio de sol. Uma luz forte e quente bate no mar e dá-lhe um brilho azul magnifico. Esta é a sua cor. Eterna. É assim que pensamos no mar, quando dele temos saudade. A paisagem que vejo, da varanda, parece um postal ilustrado. Quase perfeita. Respiro. Vou precisar deste mar e deste sossego em muitos dias dos próximos meses que se aproximam. Vou tentar levar um pouco desta luz e deste brilho dentro da minha mochila
Tenho uma mochila que carrego comigo, há muito tempo. É transparente e invisivel, ninguém a vê, mas pesa que se farta e nem sempre é comoda de transportar. Tem bolsos e pequenas divisórias onde arrumo, como posso, diferentes assuntos e matérias de vida, tentando não misturar pessoas, acontecimentos e memórias.
Quando caio, porque me falta o chão ou o céu, não consigo proteger a mochila e tudo se mistura dentro dela. Aí, sim, não consigo impedir a confusão, coisas que passam de um lado para outro, ficam baralhadas e difíceis de colocar no seu lugar. Nessas alturas, necessito de fazer uma paragem, conferir todos os compartimentos e respetivo espólio, reagrupar e voltar a arrumar cada coisa no seu lugar. Para que possa seguir viagem.
A minha mochila é uma peça fundamental para as viagens que faço, todos os dias, rumo ao futuro. Por isso necessita de zelo e atenção. Não em demasia, porque há bolsas e espaços mais escondidos, sobrepostos e encaixados que raramente se abrem e mesmo nos tombos não dão sinal de si. Merecem uma atitude de bom senso, não vale a pena mexer no mais profundo da mochila que carregamos.
A minha mochila, apesar de pesada, é forte e insubstituível. Tempos houve, de adolescência e juventude, em que julguei podê-la trocar, mudando a sua marca, forma e volume. Achava eu que, mudando por fora, o seu interior se alteraria, ficando mais leve e ligeiro o seu conteúdo. Esta ilusão durou pouco tempo. Desde que alguns laivos de maturidade me invadiram a vida, que sei que as mochilas que carregamos connosco são o nosso património e o nosso ADN. Têm o nosso cheiro, bocados de pele e rugas, desalentos, sonhos, vitórias e derrotas. Albergam os que amamos e ainda estão connosco e os que partiram. Têm brinquedos de infância, as ameixas da casa da avó, o primeiro namorado, amigas do peito, o nascimento dos filhos, a aventura da profissão, os risos e lágrimas das crianças que educámos.
Têm isto e muito mais, numa hierarquia de assuntos e matérias que não é possivel reproduzir. Por isso a minha mochila é pesada e pesa que se farta. Ainda bem. De que outra forma poderia guardar esta minha vida que me corre nas veias, desde que nasci, e me faz ser quem sou?
Sim Manela traz muita luz, energia dentro dessa mochila que é cheia de tantas "coisas" que tu tão bem conheces. Dentro dessa mochila ainda cabem tantas coisas, de preferência mais leves, que te encham o coração...aproveita cada minuto desse sol, de vento, de mar, de cor, de luz...
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