Está sol, amanheceu o dia do ano que começou e aqui estamos iguais a ontem, cheios da vida que temos e ausentes do que está para vir. O ano apresenta-se difícil, temos medo das promessas e teimosias politicas dos que nos governam, não sabemos se o pão vai chegar e receamos perder a voz, com o peso de tanta obrigação e obediência. Se ainda temos casa, lareira e vinho sobre a mesa, sabemos que outros já pouco têm e muitos não sabem como distribuir o feijão que cozeram na panela. Assim estamos e com isto querem que imaginemos o futuro dos dias que estão para vir. Querem que continuemos fortes, atentos e cumpridores do menu que apresentam como prato único, para comer e calar.
Desconhecem que nos sabemos guerreiros, não da guerra que inventaram, mas da vida que queremos e que por condição temos direito. Resta-nos manter a lucidez e uma espécie de resiliência ativa, para sem pieguices e falsas solidariedades, construirmos redes de resistência e apoio partilhado.
Neste primeiro dia do ano, o desejo que não nos falte a voz nem as convições para lutarmos pela nossa vida e pela nossa dignidade. E todos seremos ainda poucos para cumprir este desígnio.
Universalidade
Se parasse de medo no meio do caminho
Também parava a vela do moinho
Que mói depois o pão de toda a gente"
PASSADOS TRINTA E CINCO ANOS
ResponderEliminarCaminhando passei por desfiladeiros,
Estradas sem faixa de rodagem nem eixo
Na bruma de passeios inteiros
O povo não encontrou seu desejo!
Passei olhando a espuma nas marés vivas
Os peixes saltavam na fúria do mar
Os homens calmos encontraram divas
Que lhes deram o pão para a fome matar.
Trinta e cinco pescadores pescaram
Cravos vermelhos nos canos de aço
Os civis correram à praça e cantaram
O hino da Liberdade bem pautado
Com ecos de ouro plantados em maço
Na viva força do desejo esperado!
Isabel Moreira Rego
Almada, 25-04-2009
Bonito e forte. Obrigado por ter partilhado.
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