Não houve tempo para deitar as sementes à terra, regá-las com cuidado, apreciar o seu desabrochar e vê-las crescer. As folhas, as flores, depois os frutos. Não passámos do frio do inverno, embora tivéssemos sonhado com a primavera e desejado o verão. Mas não houve tempo.
E assim ficámos. Tristes, resignados e vencidos. Sem nada. Apenas uns livros e uns poemas, para levar debaixo do braço enquanto percorremos o jardim, que sem flores é uma paisagem inócua, neutra e limpa.
ao passar o vento que a mereça.
E assim ficámos. Tristes, resignados e vencidos. Sem nada. Apenas uns livros e uns poemas, para levar debaixo do braço enquanto percorremos o jardim, que sem flores é uma paisagem inócua, neutra e limpa.
Não soubemos dar tempo ao tempo.
Hoje temos tempo de sobra para limpar todos os trilhos e canteiros do jardim, mas não há folhas, pétalas, bocados de troncos ou raízes. Está tudo absolutamente arrumado e certo, a nossa tarefa afigura-se inútil e o tempo de que dispomos, também.
Veio fora de tempo, como sempre acontece quando não podemos ou sabemos dar tempo ao tempo, no tempo certo.
Sê paciente; espera
que a palavra amadureça
e se desprenda como um frutoao passar o vento que a mereça.
Sem comentários:
Enviar um comentário