sábado, 12 de janeiro de 2013

Encontro

Combinámos tudo bem combinado - quer dizer, a nossa organizadora de serviço, que somos todas diferentes e uma de nós é a expert em decisões rápidas e ações em consequência  - acertámos horas e local, escolhemos restaurante, trancámos a noite na agenda e lá fomos para o jantar. Chegámos sem grandes intervalos de tempo, apenas uma, serena e radiosa, apareceu mais tarde, segredando que entre o fim do trabalho e o inicio da noite, descansou um pouco no sofá e vá-se lá saber porquê, os olhos fecharam-se...concordámos com a situação, trocando frases sobre a nossa juventude, que não sendo recente, não nos deixa ficar mal hoje, no corpo e na cabeça que temos. Pelo menos assim achámos e enquanto nos abraçávamos, com gestos quentes e risos fraternos, íamos-nos mimando, confirmando, que não mudaste nada...ah, não!! estás igual...talvez um pouco mais magra...e as rugas? Ah, nada disso....Passado 20 anos, dos anos loucos da faculdade, onde já entrámos mulheres feitas, com família, profissão, trabalho associativo, filhos pequenos, estávamos razoavelmente na mesma ou eram os nossos olhos e os nossos afetos que de tão contentes, apenas viam o que queriam ver. E viamo-nos agora com o lastro do tempo de então.

E esse tempo veio para a mesa, provocou gargalhadas fortes e descontraídas e o desfile de peripécias que nos pertenceram como alunas e grupo coeso: a professora que nos fazia chorar de tanto rir, as noites de trabalhos de grupo, com os filhos pequenos impacientes e a nossa permanente oferta de bolachas, os exames que não soubemos como passámos, a vontade de desistir e o apoio do grupo para que tal não acontecesse, a partilha dos apontamentos, o estilo de estudo de cada uma, as pipocas e o pequeno almoço na maratona da cadeira de Estatística...e a diferencial, demorei tanto tempo a fazê-la...e a psicologia do desenvolvimento? e aquela negociação do trabalho de grupo? 

Depois falámos da profissão e da reforma, da situação politica e social, dos filhos e sobrinhos, de outras amigas...demos a volta ao tempo da nossa vida, entre risos, fotografias, trocas de presentes simbólicos, promessas de novos encontros 
E assim estivemos, saboreando a comida e a presença de cada uma, numa conversa solta e bonita, que saltava entre umas e outras, confirmando a espantosa força da solidariedade e da amizade perpetuada até hoje, passado 20 anos de nos termos conhecido.

Quando saímos, ficámos ainda à porta em amena cavaqueira, acertando novos jantares que a nossa expert terá que agendar. Até porque temos que deslindar um aspeto em que não estava reunido o consenso: terminámos a licenciatura em 92, 93, 94?
Ainda não fui confirmar, nem vou! Quero esperar por novo encontro e confirmar a data. É um bom motivo para nos juntarmos e nos revermos.  

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