Já chegámos às férias e o mar está à nossa frente. Vigoroso e ameno, uma mistura que consola o corpo e a alma e dá tréguas ao turbilhão do ano de trabalho. O tempo rola lento, ainda que imparável e podemos, sem pressas, alongar os minutos que nos cercam. Estamos livres de compromissos e dispostos à preguiça. Boa.
Olhamos a água azul, o vai e vem do seu movimento, as pequenas conchas espalhadas na areia. Entramos no mar, sentimos o sal na boca e o rosto fresco e molhado. Deitamos-nos na areia, folheamos o livro escolhido, trocamos conversas e risos soltos. Observamos quem nos rodeia, apreciamos-lhes os gestos e adivinhamos pedaços da sua vida, um pouco à deriva, como quem cria um filme ou escreve uma história. Temos tempo que sobra para esta autoria.
E entretanto não descuramos as nossas intenções, de nos cuidarmos por dentro e por fora, mantermos-nos vivos e atentos, saldar pequenas dividas e sobressaltos, redimensionar a infinita alegria de estarmos vivos e incluídos. Celebrar a pertença, como vinculo e raiz.
E se possível, ser poeta e artesão em ritmo próprio. Construir um castelo junto ao mar, escrever nomes intensos na areia, compor sonetos entre as dunas. Para sentir de que somos feitos e reforçar a inclusão no mundo e no tempo.
Neste verão, para o viver. Seremos capazes?
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