O dia hoje não foi fácil, saí da escola em desconforto, a ideia que ainda falta fazer quase tudo e quase tudo é muito, agora. Não quero nem posso falar disso aqui.
Saí a querer silêncio, a querer tempo para pensar, sentir e compreender. Mas o dia não acabara e teria ainda que falar na reunião do fim de tarde. E falei. E ouvi e voltei a falar. Mas não disse o essencial. Porque o essencial estava de repente no seu rosto, sereno e terno, misturado com uma força amena, que se via a léguas, nos olhos e nas palavras, a fazer eco e ressonância dentro de si e da sua barriga. Uma barriga redonda, grandinha, ajeitada nas mãos e no pensamento. No amor.
Regressei a casa, com o desejado silêncio, uma musica de fundo, a pensar no que tinha sido dito e explicitado. A fazer síntese, da síntese partilhada. Teria dito o essencial? não, de todo, porque o essencial ali estava, na memória daquela barriga, como colo e sustentação de um bebé. Um bebé esperado por uma mulher de esperança, que o procurou de braço dado com a fé e a alegria. E o amor.
E pensei que não lhe tinha dito o quanto isso hoje foi importante. Por isso escrevo. Para deitar fora o desconforto do dia e guardar o dom de quem, devagar e sem medo, sonha e deseja a vida. E a faz com mais gente e mais mundo. E com todo o compromisso.
E assim queremos ser, com apostas de fazer figas ao vazio e renovar votos de esperança. Assim queremos para este bebé e para a sua família. Um doce recomeço de fraldas, cheiro de risos e leite, calor de regaços e abraços, dias de sol e noites de embalar berços.
Assim queremos também para os meninos lá da escola, para quem falta fazer quase tudo. Pensando bem, talvez não seja muito. Apostemos, mais uma vez. E sempre.
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