Maio chegou. Lembro-me do cantor e do poema maio maduro maio, quem te pintou e encanto-me de novo com a doçura do mês. Tem cheiro de flores, cores de primavera, lutas de abril que ainda o salpicam. É um mês maduro e fecundo, assim o sinto. E foi nele que nasci e foi nele que foste mãe, minha mãe. Sinto-te a falta, para olhar para ti e celebrar a vida, esse sopro pequeno que cresceu em ti e fez de mim o que sou. Com outras histórias, pois, que mãe não dá conta de tudo. Mas dá conta do essencial.
E o essencial talvez fosse, hoje, sentarmo-nos à volta da mesa e lancharmos as duas, o sábado é perfeito para umas torradas e um café quente, aquele da cafeteira, a fumegar com cheiro da infância. Depois sacudir as migalhas, arrumar a loiça, sentarmo-nos no sofá a comentar as notícias. Tu a dobrares umas meias dos rapazes, parando a ouvir, a tua curiosidade a desafiar as minhas explicações de filha informada. Gostavas disso, ainda que criticasses o meu tempo gasto na rua e na profissão e as rotinas domésticas esquecidas.
O essencial hoje, talvez fosse ver umas quantas roupas no teu quarto, espalhar as blusas e as saias e passá-las a pente fino, eu a pressionar a sua renovação, tu zelosa, a fazeres comentários sobre cada peça, relembrando o seu bom estado e a inutilidade da mudança. Quando cedias, um riso breve inundava-te o rosto e a alegria de mulher cuidada aparecia junto a um leve contentamento, esse de ser tratada com afeto e atenção, tal qual fizeste durante o tempo em que fui menina e em que mulher me tornei. Porque amor com amor se paga.
O essencial hoje, era, talvez, voltarmos a ver o álbum de fotografias que te ofereci num aniversário e rirmos a bom rir com as caras dos rapazes, doces e atrevidos, comentando cada graça e cada pulo de crescimento. Os beijos e abraços de bebés, as poses atrevidas da adolescência, as fotos das primeiras namoradas...E tu a rematares, entre suspiros, tão lindos que eram...já cresceram, pronto, já estão homens.
O essencial hoje era que estivesses por cá, cirandando pela casa, permanecendo entre nós, como aconteceu nos últimos anos da tua vida. E que amanha, dia da mãe, recebesses um ramos de flores e te sentasses à mesa para um almoço melhorado. Um prato do teu agrado, aletria e um bom café, por entre o essencial do dia: a alegria de estarmos em conjunto, a celebrar a vida.
Não sendo possivel, aqui fica o essencial de mim, a escrita da minha saudade e da tua recordação boa.
Lindo Manuela. Beijinho
ResponderEliminarorbigada, Luciana, um bom dia da mãe também para si. bjs
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