sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Confissão

No natal, invade-me sempre uma ligeira nostalgia e uma pequena saudade que escurece os dias de luz. Fico -me entre a alegria do brilho das estrelas, a memória dos sinos da igreja e a melodia doce dos cânticos. 

Ando e penso, penso e ando, distendo-me no tempo que é de preguiça e cheiro a canela com açúcar.  E se isso me aquece e consola, não elimina a nesga de frio que espreita no coração. Uma pequena tremura, apenas minha, que não digo a ninguém, porque nada há para dizer. O que é muito nosso, assim deve ficar, na ausência de palavras para partilhar o que em nós parece pronunciar-se. Talvez a isto se chame solidão ou individualidade, talvez até identidade, aquela que tem a nossa pele por lastro, caldeada com a respiração e a vida que nos deram. 

Porque nos deram uma vida um dia e nome e casa e colo e nos soubemos gente a partir de então, ainda que só muito mais tarde disso tenhamos consciência. De quem somos, o que queremos, o que negamos e entendemos. E durante os anos em que nos fomos tornando pessoa, em muitas parcelas de tempo estamos apenas connosco, ainda que rodeados de todos os que nos amam. 

Assim estou. Comigo e em mim, a esperar este natal com uma pontinha de nostalgia e saudade. É coisa pouca, não incomoda por aí além, mas está cá. 

Aceitemos os seus motivos e razões e rendamos-nos a quem somos. 
Não há mal em ter saudade não é obrigatório um estado permanente de felicidade. Apenas porque é natal. 


1 comentário:

  1. Olá, Patrícia. Obrigada pelo seu comentário. Muitas saudades também, tenho eu...um bom natal e bom ano de 2014 para si...
    Manuela Matos

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