Vai ser para a semana, disseram-me.
Um jovem casal vai finalmente buscar o seu filho, depois de o ter concebido meses a fio, num ato de amor prolongado, que fez cama e tomou forma no lugar do coração e no projeto de vida a dois. A espera foi longa, muito para lá dos nove meses da barriga, porque este filho foi escolhido entre aqueles que já nasceram e esperam, também eles, muito tempo por um pai e uma mãe. Por isso, de tanta espera acontecida e tanto desejo retardado, imagino um encontro trémulo, encantado e um pouco receoso. Olhar-se-ão pela primeira vez e a mãe sentirá talvez umas pequenas dores na parte esquerda do peito e não saberá dizer, claramente, se é do correr da alegria no coração ou do susto doce deste parto a céu aberto. O pai talvez sorria e sem precisar de agarrar na mão da mãe para suster a força, não deixará de ficar estonteado pela chegada do filho, que virá sem o primeiro choro, mas igualmente coberto do muco do amor que foi envolvendo, camada sobre camada, o sonho de uma criança por cuidar. Um filho.

Para a semana apenas será o primeiro dia de uma longa espera do amor, que tardou a chegar, mas chegou. Em casa, o pai e a mãe já alindaram tudo. A avó também ajudou e anda com os olhos brilhantes e o coração suspenso. Prepara-se para contar histórias ao neto, em noites de luar. E ele vai gostar de ouvir. e dizer: "Pai, mãe, a avó contou-me uma história linda...".
Com final feliz, como desejo e sei que esta será.
Com final feliz, como desejo e sei que esta será.
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