Sábado cheio. Completamente. Cheio de pessoas, palavras, opiniões, teorias. Um vai e vem constante, gente que sobe e desce escadas, sorri por se rever, protesta porque não concorda, pergunta para saber, comenta e afirma. Uma sala cheia de gente. Gente que pensa, ama, decide, recusa, interroga-se. Abana a cabeça a dizer que sim, desvia o olhar a dizer que não. A espantosa aventura da diversidade e da diferença. Não apenas do rosto, da expressão, dos adereços, da idade. Sobretudo da lonjura dos horizontes e das perspetivas que defendem.
Um sábado cheio de gente. Unidos pela profissão, ali estavam, sedentos por ouvir, curiosos, interessados e atentos. De vez em quando um burburinho espalhava-se pela sala, confontavam o que ouviam com o que faziam, só assim se explica as constantes conversas em tom baixo para a colega do lado.
Um sábado cheio de gente. Unidos pela profissão, ali estavam, sedentos por ouvir, curiosos, interessados e atentos. De vez em quando um burburinho espalhava-se pela sala, confontavam o que ouviam com o que faziam, só assim se explica as constantes conversas em tom baixo para a colega do lado.
Lá à frente, a formadora com larga experiência, mostrava a paixão pelo que dizia e acreditava ser fundamental na educação das crianças até aos seis anos. A importância da escuta do adulto, a criança como atora do seu mundo, a ética nas relações, a pedagogia como ação intencional para um desenvolvimento e uma aprendizagem com poder e participação por parte da criança. A crianças como agência. E dizia e repetia e inundava o tempo com energia e saber. Depois uma educadora, aqui também formadora, a mostrar como faz e pensa e projeta a intervenção, na sua escola, com as colegas. Um trabalho sério e investido, refletido e continuamente avaliado. A riqueza de um quotidiano pedagógico, dito e revelado de forma simples, mas profunda. Contado na 1ª pessoa, mas resultado de uma postura coletiva e de equipa.
Depois as perguntas, no meio das intervenções, era preciso perceber melhor, para apontar nas folhas e registar na memória. Também os desabafos em voz alta, a dizer da falta de condições, a protestar contra os responsáveis, os do Ministério, que muito falam e pouco fazem. De novo as perguntas, mais situadas, sobre o que foi dito e contado, que é preciso não desistir, mesmo quando tudo é contra e nada a favor. É preciso tentar, nos corredores de liberdade, que cada profissional possui, fazer o melhor possível pelas e com as crianças e o seus contextos de desenvolvimento e aprendizagem.
No fim, tudo a sair, muita gente, educadoras unidas pela profissão, de vários locais e contextos de trabalho. As despedidas, mais um café, grupos a sair e a subir as escadas, risos e conversas, arrumar os livros, os computadores, as mesas, as máquinas de café, deixar tudo arrumado e no sitio.
Quando por fim todos saíram, a sala ficou em silêncio. No meio dela, sem ninguém por perto, parecia ainda ouvir-se todas as ideias ditas sobre a educação dos mais pequenos, que necessitam de muitos destes sábados para que aprendamos a servi-los cada vez melhor. Como é de seu direito de pessoas a crescerem, coisa que sendo evidente, não é nada simples nem linear.
Sábado cheio. Completamente.
Revejo-me completamente nesta postura e nesta perspetiva de Educação... e fiquei com vontade de lá ter estado, neste sábado!
ResponderEliminarGostei!
ResponderEliminarTal como o comentário da colega anterior, partilho inteiramente este estar na educação.