domingo, 19 de janeiro de 2014

Alerta

Uma amiga telefonou e estivemos a partilhar bocados de vida.

No caso, da vida profissional, mas sabemos que quando é assim, partilhamos também a vida pessoal. Fez-me bem. Entre apoio e reconhecimento, confronto e discordância, as palavras ditas vieram confirmar que a amizade, ainda que não seja celebrada todos os dias, é uma janela aberta ao mundo que nos faz ver o horizonte e toda a extensão da paisagem. Reparamos, por força de quem nos diz, que a vida é mais do que a nossa realidade e que os sentimentos experimentados, ainda que nos pertençam, são partilhados e vividos por outros, em muitos lugares e espaços. Relativizamos assim a trama do nosso quotidiano e abrimos alas para deixar entrar uma espécie de confiança e serenidade. Tanto quanto, bem entendido, que a matriz de que somos feitos é trave mestra da arquitetura de sermos gente. Fundados nela, seria ingenuidade e talvez desastre querer mudar a argamassa de que somos feitos. 

Neste domingo que termina, oiço o vento lá fora e estou cheia de palavras. Ecoam no meu pensamento, libertam-me as amarras da inquietação, constroem um espaço de conforto. Ainda que não tenha podido ou sabido acolher todas as ideias que me foram ditas, fez-me bem sentir que não estou só.

E isso é tesouro a guardar para o dia de amanha. Na minha mochila que trago comigo e que sempre me acompanha. Vou levá-la, como sempre, para a minha sala e as minhas crianças. Desta vez com uma maior dose de recados. 

Vai ser bom ser segunda-feira!


1 comentário:

  1. Obrigada Manuela. Este post tocou na mouche! Também sinto o mesmo! Sei que partilhámos, em tempos, a vida mais assiduamente, quando os nossos filhotes eram mais pequenos (nasceram no mesmo dia ainda que com 5 anos de diferença) e estávamos a aprender a ser mães... E, simultaneamente, partilhámos a vida profissional e, mais tarde, académica... Seguindo as pisadas uma da outra... Porque entre nós "não há longe nem distância".... É tão bom sentir-se acompanhada nesta caminha longa e turbulenta dos nossos dias...

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