Ainda só passaram 12 dias do ano de 2014 e parece que estou nele há já muito tempo. É sempre curioso experimentar este sentimento, uma espécie de amnésia sobre o passado recente, como se os últimos dias vividos fossem assim desde sempre, a escola, as crianças, as reuniões, as atas, os planos e os imprevistos. Como uma roda livre, anda que anda, pára que pára, mas sempre em contínuo movimento rumo ao futuro, no presente que conseguimos construir. E o presente é tempo que se esvai no meio de nós, é nosso e parece não ser, paradoxalmente tão definido e tão fugidio.
Se ouvimos as 12 badaladas ainda há pouco tempo, comemorámos a entrada do novo ano, comemos passas e festejámos, preguiçámos de tempo livre e deambulámos pela liberdade de nada fazer, como é que agora, passado tão pouco tempo, estamos já absolutamente carregados de vida e cheios de tudo o que fizemos nestes escassos dias? A semana que passou mostra-se aos nosso olhos, registamos as suas epifanias e acontecimentos, as ideias dos meninos e meninas, as suas produções, brincadeiras, descobertas, abraços e alegrias, saudades e medos...e não, não é uma semana, não pode ser, impossível conter em cinco dias todos os enredos vividos, as histórias, o pega e larga, o quero e não quero, o ter e o ser de cada um de nós, naquele lugar. A escola e a sala.
E naquele lugar o tempo tem outra ressonância. Está cheio, cheiinho de vidas e palavras e ações e ideias e sentimentos, numa rapidez ou lentidão própria da multiplicidade de vidas, em interação. E porque somos muitos, tudo se acumula e expande, o tempo fraccionado em mil pulsações, que é como quem diz, um tempo ao ritmo de cada um. Vinte cinco tempos, em emoção e projeto, numa cadência de tempo, definida e acertada em calendário. Dia e noite, semanas e meses, estações do ano. Este tempo não é o tempo de vida das crianças. As crianças aumentam, reduzem, desperdiçam, aproveitam, reclamam o tempo de forma pessoal e única, quase intransmissível. Se tal lhes for possibilitado e para isso tiverem oportunidade. Tempo para criar tempo, como nos diz João dos Santos
E naquele lugar o tempo tem outra ressonância. Está cheio, cheiinho de vidas e palavras e ações e ideias e sentimentos, numa rapidez ou lentidão própria da multiplicidade de vidas, em interação. E porque somos muitos, tudo se acumula e expande, o tempo fraccionado em mil pulsações, que é como quem diz, um tempo ao ritmo de cada um. Vinte cinco tempos, em emoção e projeto, numa cadência de tempo, definida e acertada em calendário. Dia e noite, semanas e meses, estações do ano. Este tempo não é o tempo de vida das crianças. As crianças aumentam, reduzem, desperdiçam, aproveitam, reclamam o tempo de forma pessoal e única, quase intransmissível. Se tal lhes for possibilitado e para isso tiverem oportunidade. Tempo para criar tempo, como nos diz João dos Santos
Assim estou neste domingo de chuva, plena da semana que terminou, a tentar acertar os ritmos e os significados do tempo e da agenda por planificar. Assim estou, tentando não esquecer que o tempo é uma variável não palpável, apreendida e usada pela vivência de cada menino e menina na sua relação com os outros, os objetos e os acontecimentos. Processo lento e multifacetado. Vale a pena apressá-lo?
“Não sei o que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora.
Fernando Pessoa, 2006, Livro do desassossego
“Não sei o que é o tempo. Não sei qual a verdadeira medida que ele tem, se tem alguma. A do relógio sei que é falsa: divide o tempo espacialmente, por fora.
Fernando Pessoa, 2006, Livro do desassossego
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