Termina o dia e as palavras todas ainda estão dentro de nós, os risos e os abraços, os desenhos e as pinturas, colagens e canções, pequenas birras, negociações e empréstimos, amizades e conflitos, tudo em catadupa, tudo em remoinho, que as infâncias algumas, são velozes e cheias de pressa, sujeitas a ventos do norte e chuvas de verão. As crianças crescem, mas muitas coisas estão ao contrário e permanecem assim por muitos anos da vida. Procuramos pedaços de sol e a brisa suave da primavera, abrimos janelas para alargar os horizontes, que as nesgas que nos dão para espreitar o mundo, são de curto alcance e escondem as promessas do futuro.
Compete-nos essa função e essa esperança. Essa luta, teimosia e persistência para com a infância. E porque se comemorou hoje a ratificação por Portugal da Convenção dos Direitos da Criança, trouxemos o assunto para a sala e lá estivemos a conversar e a pensar, a propósito do livro "Gabriel, o direitinho" sobre as crianças, os seus direitos, necessidades e desejos.
Os meninos e meninos da sala ouviram a história com interesse e silêncio, para meu espanto. E depois falaram e disseram de sua justiça, deixando-me perplexa e contente..pela forma como os rostos e os olhos mostravam saber que o assunto era sério e a eles dizia respeito. E pudemos falar dos bebés, como pessoas importantes, contrariando o que na sala serve para agredir os outros quando estão zangados és um bebé... uma questão cultural, que muitos adultos dizem, bem o sabemos...
Quando fomos à escola do 1º ciclo oferecer uma cópia dos direitos das crianças, mostraram-se à altura dos acontecimentos...todos de igual forma? não, nem isso se pretendia, têm entre três e seis anos de idade, são vinte e cinco, todos diferentes e todos iguais, como diz o slogan...
O que foi bom ver e sentir, é que vale a pena não desistir, nem dar crédito aos nossos preconceitos escondidos, inconfessáveis, mas enraizados de que são pequenos, são difíceis, são desatentos, não entendem.
Também são, fácil a tarefa não é, mas impõe-se, para a construção de uma cultura democrática onde as crianças sejam pessoas de corpo inteiro. Onde possam aprender a pensar-se a a pensar o mundo e o lugar que nele ocupam.
Volto a repetir, de mim para mim, para me lembrar quando o desalento me invadir: não é tarefa fácil, mas é urgente e o único caminho que conheço para respeitar as crianças e educar (n)a escola.
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